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A Cidade dos Asfixiados – Regis Messac

Isto aqui não é nenhum tratado sobre a relatividade. Devo confessar, aliás, que jamais consegui entender este caso. Por causa do meu nome, muita gente poderia iludir-se, e haverá quem ache estranho que a filha do Prof. Sims, o mais ilustre continuador de Einstein, manifeste tamanha desenvoltura com relação a assunto que, durante toda a existência de seu pai, esteve sempre emprimeiro plano entre as suas preocupações. Ainda mais surpreendidas, e talvez até indignadas, ficarão aquelas que me sabem noiva de Rodolphe Carnage, que julgo ter sido o primeiro em todo o universo a extrair uma aplicação prática das teorias de Einstein e de Sims. Ver-se-á em breve até que ponto pode-se considerar justificado este qualificativo de prático. Mas voltemos ao nosso assunto. Sempre detestei os subterfúgios. Este apego intransigente à verdade, à verdade nua e simples, sob sua forma mais despojada, mais direta, por assim dizer, é sem dúvida alguma uma característica ao não-conformismo intelectual peculiar a todos os grandes inventores e descobridores, ao passo que em mim, graças talvez a uma mãe e a uma avó puritanas, ela se transferiu para o domínio moral. Sou de uma franqueza incômoda, tanto para mim como para os outros e — o que é ainda pior — exijo de meus amigos e amigas idêntica franqueza. É inútil dizer que nem sempre as minhas exigências se vêem atendidas. Tem sido este até o maior e, para dizer a verdade, único motivo de briga entre mim e meu noivo. Não quero dizer que Rodolphe Carnage seja insincero. Pelo contrário. Tal como meu pai, e como todos os verdadeiros sábios, ele também ama apaixonadamente a verdade. Na vida corrente, entretanto, comrelação aos mentirosos e às mentiras, aos mentirosos medíocres e às medíocres mentiras que nos rodeiam, eh demonstra uma indulgência que, a mim, parece nefasta fraqueza. Nunca pude compreender, particularmente, a sua amizade persistente, fiel, ridícula e comovente por um indivíduo tão tolo, fútil, medíocre e enfadonho, numa palavra: tão pouco merecedor de estima quanto Sylvain Le Cateau. Esse Sylvain Le Cateau… Mas neste ponto eu também mereço algumas críticas. Pobre Le Cateau! E pensar que ele é quem vai se tornar o herói desta narrativa’. Triste herói de inverossímil aventura. Nunca houve alguém tão pouco preparado para aventuras! Repito: jamais consegui compreender como pôde Rodolphe permanecer ligado a criatura tão apagada. Sei perfeitamente que eles estudaram juntos no Lycée Janson. Mas quantas amizades de escola, por mais sólidas que pareçam, são desfeitas pela vida! E por que continuar a interessar-se por Le Cateau? Terã jamais existido personagem mais ridículo, mais insignificante? Medíocre, em toda a extensão da palavra. Medíocre sob todos os aspectos. Nembom, nem mau aluno, aprovado nos exames sem nenhum brilho, nem pobre, nem rico, manteve-se a vida toda numa honesta mediania.


Jamais o viram dissipar os seus tostões em loucas orgias, mas também nunca se entregou a excessos de trabalho, nem se entusiasmou fosse lã pelo que fosse. Creio que tinha um emprego qualquer num banco, emprego esse que lhe deixava muito tempo livre; contudo, esses lazeres eram empregados de maneira estritamente conforme às idéias preestabelecidas. Não ia ao teatro com grande freqüência, pois, sendo razoavelmente preguiçoso, não gostava de deitar-se tarde; mas lia muito, e, sobretudo, os livros que estivessem obtendo sucesso. Possuía a coleção completa dos prêmios Goncourt que, na verdade, nunca havia relido; achava, porém que eles “davamboa impressão”, como dizia. Celibatário, mantinha uma ligação muito correta com uma ex-corista do Opéra Comique que chegara mais ou menos a atriz e desempenhava papeizinhos secundários no Châtelet. Aliás, nunca cheguei a vê-la. Não creio que ela ocupasse um lugar realmente importante em sua existência. Esse lugar era menos importante, com. toda a certeza, que o reservado a Rodolphe, a “seu amigo Rodolphe Carnage”. Nesta amizade havia, aliás, uma boa parcela de esnobismo. Só vendo com que orgulho ingênuo ele dizia aos imbecis com quem privava: “Meu amigo Carnage, o único indivíduo em toda a França que entende o que é a quarta dimensão.” O coitado não tinha a menor idéia do desastre que essa amizade devia provocar em sua existenciazinha tão ordenada! Já deve ter causado estranheza, com efeito, o fato de eu me referir a essa grotesca personagem no passado, como se já estivesse morta. Na verdade, ele não está inteiramente morto, mas isto não lhe adianta nada. Está morto para o nosso mundo, embora ainda possamos nos comunicar com ele. Mas, estou antecipando. Rodolphe, que me incumbiu de redigir esta narrativa — já que não dispõe de tempo para fazer literatura — não ficará muito satisfeito com o meu trabalho, e com toda a razão. Voltemos, portanto, a Sylvain Le Cateau e à quarta dimensão. Com efeito, existe entre eles uma certa ligação, como se há de ver. Perdoem-me se estou dizendo tolices. Aqui vai o meu ponto de vista. De acordo com a teoria de Sims-Carnage, o tempo — como o próprio universo, do qual é apenas um dos aspectos — constitui um ciclo fechado. Tem a peculiaridade de ser, pelo menos para nós, humanos, absolutamente irreversível. E é justamente nisto, se é que cheguei a compreender bem, que reside a novidade primordial desta teoria com relação à de Einstein. Este último tratava o fator tempo exatamente como todos os demais e parecia admitir — ou dava margem a que se admitisse — que os fenômenos desenrolados no tempo sempre poderiam ser considerados reversíveis. {1} Quanto a nós, estamos atualmente cientes de que o tempo avança numa única direção, a que nós, o vulgo, damos o nome de futuro.

Na realidade para o filósofo, esta palavra “futuro” não tem muito sentido pois, se avançássemos bastante no ciclo, acabaríamos recaindo no que denominamos passado. Rodolphe não perde a esperança de chegar a esse ponto. Foi aliás, por isso, que construiu a sua máquina. Contudo, esse passado só poderá ser atingido se avançarmos, e jamais se recuarmos. Se chegar algum dia a reproduzir sobre o seu écran as visões do mundo pré-histórico, Rodolphe só o poderá fazer depois de ter atravessado todas as eras futuras. Exatamente como, em princípio, no universo einsteiniano, de tanto avançar voltar-se-ia ao ponto de partida. Creio que já perorei a bastante para satisfazer ao leitor mediano. Isto é, para deslumbrá-lo, preparando-o para admitir seja lá o que for. Entretanto, como medida de segurança, acrescentarei mais algumas “explicações”. Além disso, não posso deixar de dar uma pequena , idéia do que vem a ser o aparelho de Rodolphe. Atingir o passado: eis o seu verdadeiro objetivo. Num determinado momento, apaixonou-se pela pré-história e pela exploração das grutas. Tudo isto ainda hoje o entusiasma. Contudo, profundamente desencantado pela pobreza e insuficiência das informações fornecidas pelos homens das cavernas, sonhava reconstituir, ou melhor, reencontrar na íntegra a existência da humanidade primitiva. Desejava transformar-se em explorador do tempo para visitar os homens da aurora dos tempos. Sonhava com uma temporada entre os neandertalenses ou entre os pitecantropos javaneses, a exemplo de outros que foram observar de perto os costumes dos fueguinos ou dos wambatus. Quem sabe, talvez um dia o consiga, por mais inverossímil que isto nos pareça, pois sua máquina é realmente espantosa. E perigosa também. O pobre Le Cateau que o diga. Trata-se, portanto, de uma máquina para percorrer o tempo, mas num único sentido, visto como qualquer outra direção que não seja “para a frente” constitui uma impossibilidade e um absurdo. E quando digo “percorrer o tempo”, nem esta expressão é exata, ou pelo menos não o era, de início. Quanto à máquina, não lhes direi ao certo o que é, pois sou incapaz de explicá-la, e vocês, incapazes de compreendê-la. Duas excelentes razões que me dispensam de fornecer outras. Entretanto, posso dizer-lhes o que se vê. O que se vê é muito simples: é uma espécie de cinema.

Quer dizer: o que há, sobretudo, é uma tela, e sobre esta tela surgem cenas estranhas, vindas, ao que parece, do futuro, dos frontões do tempo. É pelo menos o que afirma Rodolphe, e eu acredito no que ele diz. Acreditem, se quiserem. Em suma: graças a este cronoscópio (é o nome que lhe dá Rodolphe, até certo ponto por brincadeira) podemos ver, ou entrever, coisas que se passam, ou vão se passar (este futuro, porém, ê apenas um indício da insuficiência de nossa linguagem e de nossa fragilidade intelectual), no ano 3.000, ou 4.000, ou 10.000… Como quisermos. Ou melhor: não exatamente como quisermos. O aparelho temdefeitos, ainda não está bem ajustado. Nunca se sabe com exatidão, com uma margem de erro de alguns séculos, em que época se está. Deve-se isto às variações futuras dos relógios astronômicos e à relatividade do tempo. Foi o que me disse Rodolphe. Tanto melhor, se isto lhes bastar. Além disso — e pela mesma razão, ou pelas mesmas razões, se ê que são razões — não há meio de fazer funcionar o aparelho para um futuro próximo. As graduações teriam de ser demasiado finas, compreendem? O aparelho ainda é muito rústico. Seu alcance continua limitado. Só começa a proporcionar uma visão clara a partir dos três mil anos, aproximadamente. Antes disso, as imagens ficam baralhadas. Para ir adiante, é mais fácil. Em princípio, podemos avançar até cinqüenta milhões de anos, mais ou menos. Na realidade, não se chega a tanto. Ou melhor: não se chega tão longe seminterrupções. O filme apresenta vazios. O que sempre acontece, em todas as épocas, tornando-se porém mais freqüentes à medida que se avança. Em resumo, para ser inteiramente franca, o que sei é que vislumbro sobre a tela uma série de imagens desconexas, desordenadas, por vezes absolutamente loucas; e Rodolphe Carnage afirma que essas imagens representam o futuro.

E eu faço fé no que ele diz. Evidentemente, há pessoas — haveria, pois ainda não tratamos do assunto com ninguém — que o qualificariam de charlatão. Contudo, essa gente dificilmente chegaria a explicar o que aconteceu comSylvain Le Cateau. E acredito que até para os célicos os espetáculos que agora passo a evocar serão fascinantes. Rodolphe vive em Passy, no alto da colina, numa das casas vizinhas à linha elevada do metrô. De uma de suas janelas, avista-se obliquamente o Sena. Avistam-se também, mais diretamente, os pilares que sustentam o leito dos trilhos e as composições de vagões que passam, rascantes, como umenorme brinquedo. Mas a sala do tempo, ou a sala T, dá para uma rua encravada, quase sombria. Aliás, seus amplos janelões ficam invariavelmente vendados por cortinas de cor càqui, através das quais, mesmo em pleno dia, infiltra-se uma luz pálida e fria. O que não tem nenhuma importância, pois é sobretudo à noite que se trabalha. O regimento das sessões assemelha-se mais ou menos ao das sessões de cinema, com a diferença de que o aparelho fica situado por trás da tela — eu não saberia explicar por quê. Foi por isto que mal cheguei a vê-lo (o aparelho) e que me seria difícil fornecer-lhes uma descrição que, de qualquer forma, seria decepcionante e incompleta. Mesmo que lhes falasse até amanhã de reostatos, de bobinas de indução e de tomadas de corrente, isto pouco lhes adiantaria: muito provavelmente, eu só teria descrito os acessórios. Contudo, desejo apontar umpormenor, para satisfazer aos amantes do pitoresco: num canto, ao fundo, à direita, por trás da tela, há um objeto vagamente parecido com uma bigorna. Uma bigorna com seu martelo móvel, que se liga ao bico da dita bigorna por uma charneira. E esse martelo seria antes um malho, pois tem uma cabeça muito grande e um cabo bem curto. Quando comuniquei essas observações a Rodolphe, ele riu: —Um martelo! Uma bigorna! Se você tivesse dito pelo menos um cadinho, eu poderia compreender. — E foi só o que eu consegui extrair dele. No entanto, ao que me pareceu, este martelo-cadinho era uma peça essencial. Bem; para fazer funcionar a tela na sala T, é preciso um martelo que se parece com um cadinho, ou um cadinho parecido com um martelo. Tanto pior para vocês, se isto não os satisfaz. Estou brincando, evidentemente. Mas, acreditem ou não, estou brincando mais ou menos à maneira de uma criança que ri bem alto para esconder o medo. Naquela sala, havia realmente uma atmosfera de feitiçaria. Ser-me-ia impossível dizer ao certo o porquê, e de onde vinha aquilo; mas, desde a porta, era como se um manto de inquietação nos caísse sobre os ombros.

Um mal-estar surdo, que se tornava em seguida lancinante, intolerável. E quando o aparelho funcionava, quando as imagens incoerentes e loucas se projetavam sobre a tela por entre fulgores violáceos, sentíamo-nos tensos como numa cadeira de dentista, quando ele passa insistentemente o seu motorzinho na cavidade de um grande molar. Podem ver por aí se era uma sensação agradável. Não obstante, o pior ê que ninguém tinha vontade de sair. Ficava-se como que fascinado. Era impossível despregar os olhos daquelas visões absurdas. Queríamos ficar, era preciso ficar até o fim. Muito mais intensamente do que sobre mim mesma, este fascínio se exercia sobre uma outra pessoa: sobre o pobre Le Cateau. Era preciso vê-lo, com as mãos crispadas sobre os braços da poltrona, o corpo inclinado para a frente, de olhos esbugalhados e boca escancarada, como um forno, por baixo do seu ridículo bigodinho no meio da cara redonda e bochechuda, fisgado, atraído, arrebatado, irresistivelmente arrebatado pela ronda fantástica dos pesadelos sem seqüência, que se sucediamsobre a tela, em sombras lívidas ou fuliginosas. Dir-se-ia que ele desejava ser absorvido pelo plano temporal, que todo o seu ser ia precipitar-se para aquelas imagens, para entre elas perder-se, que toda a sua pessoa presente ia desaparecer, tragada pela realidade extravagante do futuro. E creio que foi isto que aconteceu. Pelo menos, é o que tudo leva a crer. Mas como e quando aconteceu exatamente é o que não sabemos dizer. No momento em que tudo ocorreu, Le Cateau estava sozinho. Ele costumava prolongar e multiplicar as sessões, delas saindo com um ar cada vez mais estupidificado, ausente, como que fora de si mesmo. Não se prestava muita atenção a isto, pois sua inteligência já não era naturalmente muito brilhante. Rodolphe, entretanto, se dera conta de tudo: já lhes disse que ele nutria por esse rapaz gordalhudo e insignificante uma amizade descabida. Pediu-lhe que espaçasse as sessões e, como o outro não lhe quisesse dar ouvidos, proibiu-lhe a entrada no laboratório. Durante algumtempo, pelo menos. Como dizia, um período de repouso fazia-se indispensável a Le Cateau. Aquelas projeções no tempo estavam acabando de perturbar o equilíbrio mental de Sylvain. Quanto a isto, creio que ele tinha razão. A princípio, Le Cateau protestou veementemente, depois acalmou-se de súbito. Manso como um cordeiro. Parecia aceitar os motivos invocados pelo amigo.

Aquela submissão não era natural. Deveríamos ter desconfiado. Passaram-se alguns dias. Faz agora três meses ou, mais exatamente, três meses dentro de três dias, Fernandeau, dito Fernand, o fiel criado de Le Cateau, veio nos procurar. Como bom burguês de vaudeville, Le Cateau tinha um fiel criado de quarto. Fernand lhe era realmente fiel. Um tanto ou quanto ladrão, um pouco dissimulado e mentiroso, mas tão fiel! Aliás, não tinha o menor interesse em deixar um emprego e um patrão, ambos excelentes. Mas vamos aos fatos. Como ia dizendo, naquela manhã de fevereiro, o fiel Fernand foi-nos procurar. Todo comedido, enfar pelado em seu terno preto, passeava da direita para a esquerda o inquieto olhar de seus olhos redondos Sempre tinha, até certo ponto, aquele arzinho pouco seguro. Naquele dia, entretanto, sua inquietação não era fingida. Fui eu quem o recebeu, por ser a menos ocupada da casa. – A senhora não viu o meu patrão? — perguntou sem preâmbulos, embora timbrasse, em geral, em demonstrar uma polidez obsequiosa. Retruquei-lhe que ninguém o havia confiado à minha guarda. Mostrei-me, porém, mais circunspecta ao ser informada de que Le Cateau desaparecera há três dias. Desaparecera por completo, semdeixar nenhuma pista, como se diz nos romances policiais. Saíra de casa e não voltara. Nada mais. O estúpido Fernand já havia alertado a polícia. Um comissário registrara gravemente a sua declaração. Desde então, Sylvain Le Cateau estava oficialmente “desaparecido”. Seu “desaparecimento” estava devidamente constatado em documento devidamente classificado. E era o que bastava. À Fernand, afinal de contas, é que aquilo não bastava. Queria saber quem lhe pagaria os salários, se Le Cateau não voltasse.

Mas a polícia não soubera informá-lo a este respeito. Foi quando Rodolphe chegou. Fez com que Fernandeau repetisse o seu relato e compreendi, logo às primeiras palavras, que ele suspeitava ou temia alguma coisa. Pôs-se a interrogar o criado como que ao acaso, mas por detrás de suas palavras eu pude adivinhar uma hipótese secreta. — Você está dizendo que seu patrão saiu quinta-feira. (Estávamos no sábado.) Sabe para onde ele foi? — Não exatamente. — O que quer dizer com isso? — O patrão não me disse para onde ia. Não tinha obrigação de me dizer nada. Podia ter dito; porque, sem me gabar, sou homem de toda confiança. Mas, enfim, tive a impressão de que ele vinha para cá. — Por quê? — Bom, foi uma impressão. Ele nunca saía pela manhã, a não ser para vir aqui. Rodolphe franziu o cenho. — Se ele esteve aqui, é fácil verificar. Mariette vai-nos informar. Mariette era a criada. A nossa. Esqueci de dizer que tudo isto se passou, na realidade, em nossa casa, pois Rodolphe tinha somente um quarto no andar superior a fim de poder dedicar todo o seu tempo aos trabalhos que empreendia com meu pai. Com grande surpresa de nossa parte, Mariette declarou que Sylvain Le Cateau viera, de fato, visitar “seu amigo Carnage” na quinta-feira pela manhã. — É estranho —- disse Rodolphe. — Ele sabe que eu tenho aula nesse dia. — Foi o que eu disse ao senhor Le Cateau. Ele respondeu que tinha esquecido e saiu quase imediatamente. Disse que voltaria.

— E ele saiu quase imediatamente? Mariette hesitou. — Vamos, o que é que há? — Bem, para dizer a verdade, eu não vi quando ele saiu. Havia um assado no forno e, como o senhor Le Cateau é amigo da casa… Eu o deveria ter acompanhado… Mas deixei-o com um pouco de pressa… Estava sentindo cheiro de queimado. E quando voltei ao salão, eh já tinha saído. — Ou melhor, você supôs que ele tivesse saído. — Bom, ele não estava mais aí. Rodolphe ergueu os ombros e assumiu um ar preocupado. Livrou-se de Fernand com algumas palavras banais e encaminhou-se para o laboratório. Eu o acompanhei. — O que é que há, Rodolphe? Você não está pensando que Le Cateau possa ter-se escondido na sala T? — Exatamente, é o que estou pensando. — Mas ele não poderia ter ficado escondido ali desde quinta-feira! Rodolphe não respondeu logo. Tínhamos chegado à porta da famosa sala. Ele ficou a contemplá-la com ar ausente.

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