Os principais índices do desenvolvimento industrial A insignificância da burguesia russa fez com que os objetivos democráticos da Rússia retardatária, tais como a liquidação da monarquia e de uma servidão dos camponeses meio-saídos da escravidão, só pudessem ser alcançados pela ditadura do proletariado. Mas tendo conquistado o poder à cabeça das massas camponesas, ò proletariado não pôde se limitar a realizações democráticas. A revolução burguesa confundiu-se imediatamente com a primeira fase da revolução socialista. E isto não aconteceu por causas fortuitas. A história dos últimos decênios atesta com uma força particular que, nas condições da decadência do capitalismo, os países atrasados não poderão atingir o nível das velhas metrópoles do capital. Os civilizadores no impasse barram o caminho aos que se civilizam. A Rússia entrou na via da revolução proletária, não porque a sua economia fosse a mais madura para a transformação socialista, mas porque esta economia já não podia se desenvolver em bases capitalistas. A socialização dos meios de produção tomou-se a condição necessária prévia para retirar o país da barbárie: esta é a lei do desenvolvimento combinado dos países atrasados. Entrando na revolução socialista como Mo elo mais fraco da cadeia capitalista” (Lenin), o antigo império dos czares deve ainda hoje, dezenove anos após a revolução, “alcançar e ultrapassar”— o que quer dizer alcançar antes dè qualquer outra coisa—a Europa e a América, por outros termos, resolver os problemas da produção e da técnica que o capitalismo avançado há muito tempo resolveu. Poderia ser de outro modo? A subversão das velhas classes dominantes, longe de resolver este problema, nada mais fez que pô-lo a nu: elevar-se da barbárie para a cultura. Concentrando simultaneamente a propriedade dos meios de produção nas mãos do Estado, a revolução permitiu aplicar novos métodos econômicos de eficácia infinitamente grande. Só graças à direção, que seguiu um plano único, foi possível reconstruir em pouco tempo o que tinha sido destruído pela guerra imperialista e pela guerra civil, criar novas grandes empresas, novas indústrias, ramos completos de indústria. O extremo enfraquecimento da revolução internacional, com a qual contavam a curto prazo os chefes do partido bolchevista, suscitando enormes dificuldades à U.R.S.S., fez ressaltar os seus recursos internos e 9 as suas possibilidades excepcionalmente extensas. A justa apreciação dos resultados obtidos—tanto na ordem da sua grandeza como da sua insuficiência—só é contudo possível à escala internacional. O método com cujo auxilio nós operamos é o da interpretação histórica e sociológica e não o da acumulação de ilustrações estatísticas. Tomamos, contudo, para ponto de partida, alguns números entre os mais importantes. A amplitude da industrialização da U.R.S.S., comparada com a estagnação e com o declínio de quase todo o universo capitalista, ressalta dos índices globais que se seguem.
A produção industrial da Alemanha só neste momento regressa ao seu nível de 1929, graças à febre dos armamentos. No mesmo lapso dé tempo, a produção da Grã-Bretanha só aumentou, com a ajuda do protecionismo, 3 a 4%. A produção industrial dos Estados Unidos baixou cerca de 25%. A da França mais de 30%. O Japão, no seu frenesi de armamento e de pilhagens, coloca-se, pelos seus êxitos, na primeira fila dos países capitalistas, pois a sua produção aumentou perto de 40%. Mas até mesmo este índice excepcional empalidece também, perante a dinâmica do desenvolvimento da U.R.S.S., cuja produção industrial foi multiplicada, no mesmo lapso de tempo, por 3,5%, o que significa um aumento de 250%. Nos dez últimos anos (1925-1935), a indústria pesada soviética mais que decuplicou a sua produção. No primeiro ano do primeiro plano quinzenal, os investimentos de capital se elevaram a 5,4 bilhões de rublos; em 1936, devem ser da ordem dos 32 bilhões. Se, dada a instabilidade do rublo como unidade de medida, abandonarmos as estimativas financeiras, outras estimativas mais incontestáveis se nos impõem. Em dezembro de 1913, a bacia do Donetz forneceu 2 275 000 toneladas de hulha; em dezembro de 1935, 7 125 000 toneladas. No decurso dos três últimos anos a produção de fer o duplicou, a do aço e aços laminados foi multiplicada por cerca de dois e meio. Comparada à de antes da guerra, a extração do petróleo, da hulha, do minério de ferro, foi multiplicada por três ou três e meio. Em 1920, quando foi concluído o primeiro plano de eletrificação, o país tinha dez estações locais com uma potência total de 253 000 Kw. Em 1935, havia já 95 estações locais com uma potência total de 4 345 000 Kw. Em 1925, a U.R.S.S. ocupava o décimo primeiro lugar no mundo na produção de energia elétrica; em 1935, só a ultrapassam a Alemanha e os Estados Unidos. No que respeita à extração da hulha, a U.R.
S.S. passou do décimo lugar para quarto. Na produção do aço, do sexto para terceiro. Na produção de tratores ocupa o primeiro lugar no mundo. E o mesmo acontece para a produção de açúcar. Os imensos resultados obtidos pela indústria, o início cheio de promessas de um surto da agricultura, o extraordinário crescimento das velhas cidades industriais, a criação de novas, o rápido aumento do número de operários, a elevação do nível cultural e das necessidades são os 10 resultados incontestáveis da Revolução de Outubro, na qual os profetas do velho mundo pretenderamver o túmulo da civilização. Já não há necessidade de discutir com os senhores economistas burgueses: o socialismo demonstrou o seu direito à vitória, não só nas páginas de O Capital,mas em uma arena econômica a cobrir a sexta parte da superfície do globo; não na linguagemda dialética, mas na do ferro, do cimento e da eletricidade. ‘Mesmo que a U.R.S.S. sucumbisse sob os golpes do exterior e pelos erros dos seus dirigentes—o que, firmemente esperamos— continuaria, como prova para o futuro, o fato indestrutível de que só a revolução proletária permitiu a um país atrasado obter em menos de vinte anos resultados sem precedente na História. Assim se encerra o debate com os reformistas no movimento operário. Poderemos, ainda que por ummomento, comparar a sua agitação de ratos à obra titânica de um povo chamado pela revolução a uma nova vida? Se, em 1918, a social-democracia alemã tivesse aproveitado o poder que os operários lhe confiavam para consumar a revolução socialista e não para salvar o capitalismo, não seria difícil conceber, apoiando-nos no exemplo russo, o invencível poder econômico que seria hoje o do maciço socialista da Europa central e oriental e de uma parte considerável da Ásia. Os povos do mundo terão ainda de pagar com novas guer as e novas revoluções os crimes históricos do reformismo. Apreciação comparativa dos resultados Os coeficientes dinâmicos da indústria soviética não têm precedentes. Mas nem hoje nem amanhã resolverão a questão. A U.R.S.S. cresce a partir de um nível espantosamente baixo, en- quantos países capitalistas patinam a partir de um nível muito elevado. A relação das forças atuais é determinada, não pela dinâmica de crescimento, mas pela oposição da força total dos dois adversários, tal como se exprime nas reservas materiais,na técnica, na cultura e, antes de tudo, no rendimento do trabalho humano. Logo que abordarmos o problema sob este ângulo estatístico, a situação muda, encontrando-se a U.
R.S.S. em grande desvantagem. A quçstão colocada por Lenin: “quem vencerá?”, é a da relação de forças, por um lado, entre a U.R.S.S. e o proletariado revolucionário do mundo, por outro, entre as forças interiores hostis e o .capitalismo mundial. Os êxitos econômicos da U.R.S.S. permitem- lhe consolidar-se, progredir, armar-se e, se necessário, bater em retirada e esperar, numa palavra, resistir. Mas, em si própria, a questão “Quem vencerá?”, não só no sentido militar do termo, mas antes de tudo no sentido econômico, coloca-se diante da U.R.S.S. à escala mundial. A intervenção armada é perigosa. A intervenção das mercadorias a baixo preço, vindo atrás dos 11 exércitos capitalistas, seria infinitamente mais perigosa. A vitória do proletariado em um país do Ocidente conduziria imediatamente a uma mudança radical da relação de forças. Mas enquanto a U.R.
S.S. continuar isolada, pior; enquanto o proletariado europeu marchar de derrota em derrota e recuar, a força do regime soviético será medida, decididamente, pelo rendimento do trabalho que, na produção de mercadorias, se exprime pelos preços de custo e de venda. A diferença entre os preços internos e os do mercado mundial constitui um dos índices mais importantes da relação de forças. Ora, é proibido à estatística soviética tocar, por pouco que seja, nesta questão. E isto porque, a despeito do seu marasmo e da sua estagnação, o capitalismo continua ainda com uma enorme superioridade na técnica, na organização e na cultura do trabalho. É suficientemente conhecido o estado tradicionalmente atrasado da agricultura soviética. Em nenhumdos seus ramos foram atingidos êxitos comparáveis aos da indústria. “Encontramo-nos ainda muito atrasados em relação aos países capitalistas**, deplorava Molotov no fím de 1935, “quanto ao rendimento das nossas culturas de beter aba”. Em 1934, obtiveram-se, na U.R.S.S., 82 quintais por hectare; em 1935, na Ucrânia, no decurso de uma colheita excepcional, 131 quintais. Na Checoslováquia e na Alemanha, o hectare fornece perto de 250 quintais, em França mais de 300. As lamentações de Molotov podem, sem exagero, estender-se a todos os ramos da agricultura, quer se trate de culturas técnicas ou de cereais e, mais ainda, da criação. Culturas alternadas bemconcebidas, seleção de sementes, emprego de adubos, de tratores, de utensílios agrícolas aperfeiçoados, criação de gado de raça, tudo isso prepara, na verdade, uma enorme revolução na agricultura socializada. Mas, precisamente neste domínio, um dos mais conservadores. a revolução precisa de tempo. Neste momento, o objetivo é, apesar da coletivização, aproximar-se dos modelos superiores do Ocidente capitalista, com as suas pequenas herdades4’ individuais. A luta pelo aumento do rendimento do trabalho na indústria prossegue por duas vias: assimilação da técnica avançada e melhor utilização da mão-de-obra. A possibilidade de construírem poucos anos grandes fábricas do tipo mais moderno foi assegurada, por um lado, pela alta técnica do Ocidente capitalista, por outro, pelo regime de planificação. Neste domínio, assistimos à assimilação das conquistas de outrem. O fato da indústria soviética, e mesmo do equipamento do exército vermelho, terem sofrido um crescimento muito rápido, implicam enormes vantagens potenciais. A economia não é obrigada a ar astar atrás de si utensílios antiquados, como acontece na França ou na Inglater a.
O exército não é obrigado a usar as velhas armas. Mas este crescimento febril tem aspectos negativos: os diversos elementos da economia não se harmonizam; os homens se encontram atrasados emrelação à técnica; a direção encontra-se abaixo das suas tarefas. O todo exprime-se, na hora 12 atual, por preços de custo muito elevados para uma produção de baixa qualidade. “Os nossos pòços”, escreve o dirigente da indústria do petróleo, “dispõem dos mesmos utensílios dos poços americanos, mas a organização da perfuração está atrasada, os quadros são insuficientemente qualificados. O grande número de acidentes explica-se pela negligência, incapacidade e insuficiência de vigilância técnica”. Molotov lamenta-se por “estarmos muito em atraso na organização dos estaleiros de construção… Conformam-se aí freqüentemente com a rotina, tratanto de maneira escandalosa os utensílios e as máquinas”. Encontramos estas confissões em toda a imprensa soviética. A técnica moderna encontra-se longe de dar na U.R.S.S. os mesmos resultados que na sua pátria capitalista. Os êxitos globais da indústria pesada constituem uma conquista inapreciável: só se pode construir sobre esses fundamentos; mas é na produção dos pormenores mais sutis que uma economia moderna mostra os seus direitos. A este respeito se encontra ainda muito atrasada. Herdades: propriedades rurais Os resultados mais sérios, não só quantitativos, mas também qualitativos, foram seguramente obtidos na indústria militar: o exército e a marinha são os clientes mais exigentes e os mais influentes. Os dirigentes dos serviços do exército, incluindo Voro- chilov, não deixam contudo de se lamentar, nos seus discursos publicados: “nunca nos encontramos completamente satisfeitos com a qualidade da produção que dão ao exército vermelho”. Adivinha-se, sem dificuldade, a inquietude por detrás destas prudentes palavras. “A construção de máquinas”, diz-nos o chefe da indústria pesada, num relatório oficial, “deve ser de boa qualidade, o que, infelizmente, não é o caso. A máquina é cara entre nós”. Como sempre, o redator se abstém de fornecer dados precisos em comparação com a produção mundial. O trator é o orgulho da indústria soviética. Mas o coeficiente de utilização dos tratores é muito baixo. No decurso do último exrcício econômico, 81 % dos tratores tiveram de sofrer reparações capitais e um bom número destas máquinas ficou fora de uso a meio do trabalho nos campos. Segundo certos cálculos, as estações de máquinas e tratores só cobrirão as suas despesas comcolheitas de 20 a 22 quintais de grãos por hectare.Como atualmente o rendimento médio do hectare não atinge metade deste número, o Estado é obrigado a cobrir as diferenças negativas que se elevama milhões.
A situação dos transportes rodoviários é ainda pior. Um caminhão percorre, na América, 60 000, 80 000 e mesmo 100 000 quilômetros por ano; na U.R.S.S., só percorre 20000, três a quatro vezes menos. Em cem 13 máquinas, cinqüenta e cinco encontram-se nas estradas, as outras em reparações ou à espera disso. O custo das reparações é o dobro do custo total de produção de novas máqui- nas.Não é de admirar que, na opinião da comissão governamental de controle, “transportes rodoviários sejam para o preço de custo da produção uma carga excepcionalmente pesada”. O aumento da capacidade de transporte fer oviário é acompanhado, segundo o presidente do Conselho dos comissários do povo, “por um grande número de acidentes e de descarrilamentos”. A causa essencial mantém-se e é a medíocre qualidade do trabalho, herdada do passado. A luta pela manutenção conveniente das vias férreas torna-se uma espécie de façanha heróica, das quais os agulheiros recompensados fazem os seus relatórios ao Kremlin diante dos mais altos representantes do poder. Apesar das aquisições dos últimos anos, os transportes marítimos encontram-se bastante em atraso em relação aos ferroviários. Encontram-se periodicamente nos jornais pequenos artigos sobre o “trabalho deplorável dos transportes marítimos, a qualidade inacreditavelmente baixa das reparações na frota”,etc. Nos ramos da indústria ligeira, a situação é ainda menos favorável que na indústria pesada. Poderse-á formular, por isso, para a indústria soviética, uma lei bastante particular: os produtos são, regra geral, tanto piores quanto mais próximos do consumidor. Na indústria têxtil, acreditando no Pravda, “a percentagem de imperfeições é vergonhosa, prevalecem o fraco sortido e a baixa qualidade”. As lamentações relativas à má qualidade dos artigos de primeira necessidade aparecem periodicamente na imprensa soviética: “a latoapa é mal trabalhada; as mobílias são disformes, mal pregadas, atabalhoadas; não se encontram botões em condições; os estabelecimentos de alimentação pública trabalham de maneira absolutamente lamentável”,etc. Caracterizar os êxitos da industrialização apenas por índices quantitativos é o mesmo que querer definir a anatomia de um homem só pela sua estatura, sem indicar a medida do peito. Uma estimativa mais justa da dinâmica da economia soviética exige ao mesmo tempo uma crítica sobre a qualidade e a constatação de que os êxitos rápidos num domínio são de fato acompanhados por atrasos em outras. A criação de grandes fábricas de automóveis paga-se com a insuficiência e o abandono da rede ferroviária. “O abandono das nossas estradas é extraordinário”, constata o Izvestia, “não é possívelfazer mais de dez quilômetros por horanuma estrada tão importante como Moscou- faroslav”. O presidente da comissão do respectivo plano afirma que o pais conserva as tradições dos”séculos sem estradas”. A economia municipal encontra-se em estado análogo. Criam- se em pouco tempo novas cidades industriais, enquanto dezenas de antigas caem no mais completo abandono.
As capitais e as cidades industriais crescem e embelezam-se, constroem-se aqui e ali teatros e clubes caros, mas a crise da habitação é intolerável, as habitações são, por hábito, absolutamente 14 desprezadas. “Construímos mal e caro, o conjunto das habitações usa-se e não se mantêm, fazemos poucas reparações e mal” {Izvestia). Estas desproporções são comuns a toda a economia. Elas são, em certa medida, inevitáveis, pois era necessário, e ainda é, começar pelos setores mais importantes. Não é menos verdade que o estágio atrasado de certos setores diminui’em muito a eficácia do trabalho em alguns outros. Se se imaginar uma economia dirigida ideal, que não assegure o mais rápido desenvolvimento de certos ramos, mas os melhores resultados para seu conjunto, o coeficiente estatístico de crescimento será menor no primeiro período, mas a economia no seu conjunto e o consumidor ganharão com isso. Como conseqüência, a dinâmica geral da economia também ganhará. Segundo a estatística oficial, a produção e a reparação de automóveis juntam- se para formar um total de produção industrial. Do ponto de vista da eficácia econômica seria melhor proceder aqui por su btração do que por adição; esta observação diz. respeito, igualmente, a outras indústrias. É por isso que todas as avaliações globais em rublos só possuem um valor relativo: não se sabe o que é o ru blo e não se sabe o que se esconde por detrás dele, o fabrico ou o estrago prematuro de uma máquina. Se (avaliadas em rublos “estáveis”), a produção global da indústria pesada sextuplicou emrelação à de antes da guerra, a extração de petróleo e de hulha, assim como a produção de ferro, só aumentaram, em toneladas, três ou três vezes e meia. A causa principal desta discordância reside no fato da indústria soviética ter criado novos ramos, desconhecidos da Rússia dos czares. Mas é necessário procurar uma causa complementar na manipulação tendenciosa das estatísticas. Sabe-se que toda a burocracia experimenta a necessidade orgânica de dissimular a realidade. POR HABITANTE O rendimento individual médio do trabalho é ainda muito baixo na U.R.S.S. Na melhor fábrica metalúrgica, a produção de ferro e de aço por operário é, segundo o diretor, três vezes inferior à média nos Estados Unidos. A comparação das médias entre os dois países daria provavelmente uma relação de um para cinco, ou ainda mais baixo. Nestas condições, a afirmação segundo a qual os altos fornos são “melhor” utilizados que os dos países capitalistas é, neste momento, desprovida de sentido; o único objetivo da técnica é economizar o trabalho do homem. Na indústria florestal e de construção, o estado de coisas é ainda mais deplorável que na metalurgia. Por operário empreiteiro a produção é de 5 000 toneladas por ano nos Estados Unidos e de 500 toneladas, isto é, dez vezes menos, na U.R.
S.S. Uma diferença tão gritante explica-se, mais do que por insuficiência na formação profissional dos operários, pela má organização do trabalho. A burocracia incita com todas as suas forças os 15 operários, mas não sabe tirar um justo partido da mão-de- -obra. E, a este respeito, a agricultura encontra-se, evidentemente, ainda menos favorecida que a indústria. Ao fraco rendimento do trabalho corresponde uma fraca renda nacional e, portanto, um baixo nível de vida das massas populares. Quando nos dizem que a U.R.S.S. ocupará,, em 1936, o primeiro lugar na Europa quanto à produção industrial—êxito enorme em si mesmo—despreza-se não só a qualidade e o preço de custo, mas ainda o número da população. Ora, o nível de desenvolvimento geral do país e, mais particularmente, a condição material das massas, não podem ser determinadas, a não ser em traços gerais, senão dividindo a produção pelo número de consumidores. Experimentemos efetuar esta simples operação aritmética. O papel das vias férreas na economia, na vida cultural e na guerra, não necessita ser demonstrado. A U.R.S.S. dispõe de 83 000 km de vias, contra 58 000 na Alemanha, 63 000 em França, 417000 nos Estados Unidos.Isto significa que há, por 10 000 habitantes: na AÍemanha, 8,5 km; em França, 15,2; nos Estados Unidos, 33,1; na U.R.S.S. 5 km de vias. Quanto a estradas de ferro, a U.
R.S.S. encontra-se num dos últimos lugares no mundo civilizado. A frota mercantil, que triplicou no decurso dos cinco últimos anos, encontra-se atualmente à altura das da Espanha e da Dinamarca. Acrescentemos a tudo isto a falta de estradas. Em 1935, a U.R.S.S. produziu 0,6 automóveis por I 000 habitantes; a Grã-Bretanha produziu (em 1934) aproximadamente 8 para o mesmo número de habitantes, a França, 4,5, os Estados Unidos 23 (contra 36,5 em 1928). E a U.R.S.S. não ultrapassa, apesar do estado extremamente atrasado das estradas de ferro e dos transportes fluviais e rodoviários, nem a França nem os Estados Unidos quanto à proporção de cavalos (um cavalo para 10-11 habitantes), encontrando-se, além disso, bastante mais atrás relativamente à qualidade dos animais.
.