| Books | Libros | Livres | Bücher | Kitaplar | Livros |

A Rosa Branca – Glen Cook

O ar parado do deserto parecia visto através de uma lente. Os cavaleiros davam a impressão de estar congelados no tempo, movendo-se sem se aproximar. Revezamo-nos para contá-los. Não consegui chegar ao mesmo número duas vezes consecutivas. Um sopro de brisa gemeu no coral, agitou as folhas da Velha Árvore Pai. Elas tilintaram umas contra as outras com a canção dos carrilhões do vento. Ao norte, o brilho da mudança da luz realçava o horizonte como um distante combate entre deuses guerreiros. Um pé esmagou a areia. Virei-me. Calado olhava boquiaberto para um menir falante que havia aparecido segundos antes, assustando-o. Rochas furtivas. Gostam de joguinhos. — Há estranhos no Vale — anunciou ele. Dei um salto. Ele soltou uma risadinha. Menires têm a risada mais malévola deste lado dos contos de fadas. Rosnando, enfiei-me em sua sombra. — Já está quente aqui. — E: — São Caolho e Duende voltando de Cortume. Ele estava certo; e eu, errado. Eu não conseguia me concentrar. A patrulha estivera fora um mês além do planejado. Estávamos preocupados. As tropas da Dama estavam mais ativas ao longo dos limites do Vale do Medo nos últimos tempos. Outra risadinha do bloco de pedra.


Ele tinha 4 metros a mais que eu: uma altura mediana. Aqueles acima de 5 metros mal se movem. Os cavaleiros estavam mais próximos, porém não pareciam mais perto. Malditos nervos. São tempos terríveis para a Companhia Negra. Não podemos nos dar ao luxo de ter baixas. Qualquer homem perdido seria um amigo de muitos anos. Contei novamente. Pareceu certo dessa vez. Mas havia uma montaria sem cavaleiro… Senti um calafrio, apesar do calor. Estavam na trilha abaixo, seguindo para um riacho a 300 metros de onde observávamos, ocultos em meio a um grande recife. As árvores errantes junto ao vau agitaram-se, embora não houvesse mais brisa. Os cavaleiros instaram suas montarias para se apressarem. Os animais estavam cansados. Relutavam, embora soubessem que estavam quase em casa. Entraram no riacho. Água espirrando. Sorri, bati nas costas de Calado. Estavam todos lá. Cada homem, acompanhado por mais um. Calado irradiou sua costumeira tranquilidade, retribuindo o sorriso. Elmo deslizou para fora do coral e foi encontrar nossos irmãos. Otto, Calado e eu corremos na direção dele. Atrás de nós, o sol matinal era uma grande bola fervilhante de sangue. Homens desmontaram dos cavalos, sorrindo.

Mas pareciam mal. Duende e Caolho eram os piores. Contudo, haviam retornado ao território onde sua magia era inútil. Perto de Lindinha não erammaiores que o restante de nós. Olhei para trás. Lindinha surgira na entrada do túnel, parada como um fantasma em sua sombra, toda de branco. Homens se abraçaram; então o velho costume assumiu o controle. Todos fingiram ser apenas mais um dia qualquer. — Foi difícil lá? — perguntei a Caolho. Observei o homem que os acompanhava. Ele não era familiar. — Foi. — O encolhido homenzinho negro estava mais reduzido do que eu havia imaginado. — Você está bem? — Levei uma flechada. — Esfregou o flanco do corpo. — Ferimento leve. Atrás de Caolho, Duende guinchou: — Quase nos pegaram. Perseguiram a gente durante um mês. Não conseguíamos despistá-los. — Vamos levar você para o Buraco — falei para Caolho. — Não estamos contaminados. Limpei tudo. — Ainda assim, quero dar uma olhada. Ele é meu assistente desde que entrei para a Companhia como médico. Sua opinião é segura.

Mas, no fim das contas, saúde é minha responsabilidade. — Estavam nos esperando, Chagas. Lindinha havia sumido da boca do túnel, de volta ao estômago de nossa fortaleza subterrânea. O sol permanecia sangrento no leste, um legado que a tempestade mutacional trouxera. A memória de algo grande percorreu seu rosto. Baleia do vento? — Emboscada? — Olhei de volta para a patrulha. — Não contra nós, especificamente. Mas causaram problemas. Estavam bem-informados. A patrulha tivera uma missão dupla: entrar em contato com nossos simpatizantes em Cortume para descobrir se o pessoal da Dama estava de volta após um longo intervalo e atacar a guarnição de lá para provar que poderíamos ferir um império que abarcava meio mundo. Ao passarmos, o menir avisou: — Há estranhos no Vale, Chagas. Por que essas coisas acontecem comigo? As pedras grandes falam comigo mais do que com qualquer um. O encanto pela segunda vez? Prestei atenção. Para um menir se repetir significava que ele considerava a mensagem crítica. — Os homens o caçaram? — indaguei a Caolho. Ele deu de ombros. — Eles não iam desistir. — O que aconteceu lá fora? — Escondido no Vale, eu poderia muito bem ter sido enterrado vivo. O rosto de Caolho permanecia ilegível. — Cordoeiro lhe dirá. — Cordoeiro? O sujeito que trouxeram? — Eu conhecia o nome, mas não o homem. Era um de nossos melhores informantes. — Sim. — As notícia não são boas, então? — Não. Entramos no túnel que descia até onde vivíamos, a fedorenta, mofada, úmida, apertada toca de coelho que chamamos de fortaleza.

É nojenta, mas é o coração e a alma da Nova Rebelião da Rosa Branca. A Nova Esperança, como é sussurrada entre as nações cativas. A Idiota Esperança, para aqueles de nós que vivemos aqui. É tão terrível quanto qualquer masmorra infestada de ratos —embora qualquer homem possa ir embora. Caso ele não se importe em se arriscar num mundo no qual todo o poder de um império está voltado contra ele. Capítulo Dois O VALE DO MEDO Cordoeiro era nossos olhos e ouvidos em Cortume. Tinha contatos em toda parte. Seu trabalho contra a Dama já soma décadas. É um dos poucos que escapou de sua ira em Talismã, quando ela eliminou os antigos rebeldes. Em grande parte, a Companhia foi a responsável. Naquela época, éramos seu forte braço direito. Atraímos seus inimigos para a armadilha. Duzentos e cinquenta mil morreram em Talismã. Nunca houve uma batalha tão grande ou cruel, e nenhuma jamais teve um resultado tão definitivo. Mesmo o sangrento fracasso do Dominador na Floresta Velha consumiu apenas a metade do número de vidas. O destino nos obrigou a trocar de lado — assim que não restou ninguém para nos ajudar em nossa luta. O ferimento de Caolho estava limpo, conforme ele havia alegado. Liberei-o e segui para meus aposentos. Lindinha queria que a patrulha descansasse antes de aceitar seu relatório. Arrepiei-me com o agouro, receoso de ouvir as notícias. Um homem velho e cansado. É isso que sou. No que se tornaram o fogo, o ímpeto, e a ambição de antigamente? Era uma vez meus sonhos, sonhos agora esquecidos. Em dias tristes, tiro a poeira deles e os acaricio nostalgicamente, com uma condescendente admiração pela ingenuidade do jovem que os sonhou. O velho infesta meus aposentos.

Meu grande projeto. Trinta e cinco quilos de documentos antigos, capturados da general Sussurro na época em que servimos à Dama e ela aos rebeldes. Supostamente, eles contêm a chave para despedaçar a Dama e os Tomados. Eu os tenho há seis anos. E, em seis anos, nada descobri. Apenas muito fracasso. Depressão. Hoje em dia, em geral, apenas os embaralho, então volto para estes Anais. Desde nossa fuga de Zimbro, eles têm sido um pouco mais do que um diário pessoal. O remanescente da Companhia gera pouca emoção. As notícias externas que recebemos são tão escassas e pouco confiáveis que raramente me dou ao trabalho de registrá-las. Além do mais, desde a vitória da Dama sobre o marido em Zimbro, ela parece estar muito mais estática do que nós, agindo por inércia. As aparências enganam, é claro. E a ilusão é a essência da Dama. — Chagas. Ergui a vista de uma página do TelleKurre Antigo já estudado uma centena de vezes. Duende estava à porta. Parecia um sapo velho. — Sim? — Aconteceu alguma coisa lá em cima. Pegue uma espada. Agarrei meu arco e uma couraça de couro. Estou velho demais para combate corpo a corpo. Prefiro me manter na retaguarda fazendo disparos, se tiver mesmo de lutar. Pensei no arco enquanto seguia Duende. Ele fora um presente da própria Dama, durante a batalha em Talismã.

Ah, as lembranças. Com ele, ajudei a liquidar Apanhador de Almas, a Tomada que havia levado a Companhia a servir à Dama. Essa época, agora, parece quase pré-histórica. Galopamos na direção da luz do sol. Outros nos seguiram, dispersos entre cactos e corais. O cavaleiro que descia a trilha — o único caminho na região — não nos veria. Ele cavalgava sozinho numa mula decrépita. Não estava armado. — Tudo isso por causa de um velho numa mula? — indaguei. Homens saíram em disparada através dos cactos e entre os corais, fazendo uma barulheira dos diabos. O velhote com certeza saberia que estávamos ali. — É melhor pensarmos em sair daqui mais silenciosamente. — É. Girei sobressaltado. Elmo estava atrás de mim, uma das mãos protegendo a vista do sol. Parecia tão velho e cansado quanto eu achava que era. A cada dia algo novo me lembra de que todos nós já não somos jovens. Maldição, nenhum de nós era jovem quando veio para o norte pelo Mar das Tormentas. — Precisamos de sangue novo, Elmo. Ele escarneceu. De fato. Seremos bem mais velhos antes que isso acabe. Se durarmos. Pois estamos apenas fazendo hora. Décadas, espero.

O cavaleiro atravessou o riacho e parou. Ergueu as mãos. Homens se materializaram, as armas seguradas com negligência. Um velho sozinho, no coração do vazio da Lindinha, não representava perigo. Elmo, Duende e eu descemos. No caminho, perguntei a Duende: — Você e Caolho se divertiram enquanto estiveram fora? Eles brigam há séculos. Mas aqui, onde a presença de Lindinha proíbe isso, não podem fazer seus truques com feitiçaria. Duende sorriu. Quando isso acontece, sua boca se abre de orelha a orelha. — Eu o fiz relaxar. Chegamos ao cavaleiro. — Me conte depois. Duende deu uma risadinha, um guincho que lembrava água borbulhando numa chaleira. — Tá. — Quem é você? — perguntou Elmo ao sujeito montado na mula. — Penhor. Não era seu nome. Era uma senha de um mensageiro do oeste distante. Havia muito tempo que não a ouvíamos. Mensageiros do oeste precisavam alcançar o Vale através das províncias mais subjugadas da Dama. — É? — disse Elmo. — Vejam só! Quer desmontar? O velho desceu da montaria, citando suas credenciais. Elmo as julgou aceitáveis. Em seguida, ele anunciou: — Tenho 10 quilos de coisas aqui. — Bateu num malote atrás da sela.

— Cada maldita cidade contribuiu. — Você fez a viagem inteira sozinho? — perguntei. — Cada metro, desde Remo. — Remo? Isso fica… A mais de 1.500 quilômetros. Eu não sabia que tínhamos alguém lá. No entanto desconheço grande parte da organização montada por Lindinha. Passo meu tempo tentando fazer com que aqueles malditos papéis me digam alguma coisa que talvez não esteja lá. O velho me olhou como se avaliasse minha alma. — Você é o médico? Chagas? — Sou. Por quê? — Tenho algo para você. Pessoal. — Ele abriu o malote de mensageiro. Por um momento, todos ficaram em alerta. Nunca se sabe. Mas ele tirou um pacote envolto em papel oleado, como uma proteção contra o fim do mundo. — Chove o tempo inteiro lá em cima — explicou, e me deu o pacote. Avaliei o peso. Não era tão pesado, sem o oleado. — Quem mandou isto? O velho deu de ombros. — Onde o conseguiu? — Do capitão de minha célula. Claro. Lindinha havia montado tudo com cuidado, estruturando sua organização de modo a ser quase impossível para a Dama esmagar mais do que uma fração dela. A menina é genial. Elmo aceitou o restante, então declarou a Otto: — Leve-o e consiga um catre.

Descanse um pouco, velhote. A Rosa Branca vai interrogá-lo mais tarde. Teremos adiante uma tarde interessante, talvez, com o que esse homem e o Cordoeiro têm a informar. Avaliei o misterioso pacote e falei para Elmo: — Vou dar uma olhada nisto. Quem o teria enviado? Eu não conhecia ninguém fora do Vale. Bem… Mas a Dama não infiltraria uma carta no movimento subterrâneo. Infiltraria? Formigamento de medo. Já fazia muito tempo, mas ela havia prometido manter contato. O menir falante que nos avisara a respeito do mensageiro permanecia enraizado ao lado da trilha. Quando passei, ele disse: — Há estranhos no Vale, Chagas. Parei. — O quê? Mais deles? Ele voltou a ser apenas um marco, de modo que não diria mais nada. Nunca entenderei aquelas pedras antigas. Maldição, eu ainda não compreendo por que estão do nosso lado. Elas odeiam separadamente mas igualmente todos os estranhos. Eles e cada um dos excêntricos sencientes lá fora. Corri para meus aposentos, desencordoei o arco e o deixei apoiado na parede de terra. Instalei-me em minha mesa de trabalho e abri o pacote. Não reconheci a letra. Vi que não estava assinada no final. Comecei a ler. Capítulo Três HISTÓRIA DO ANO PASSADO Chagas: A mulher estava fazendo um sermão de novo. Bomanz massageou as têmporas. A cabeça não parou de latejar. Ele cobriu os olhos.

— Saita, sayta, suta — murmurou, sibilando de maneira raivosa e ofídica. Ele mordeu a língua. Uma pessoa não deve enviar uma mensagem para a esposa de outra pessoa. É preciso suportar com humilde dignidade as consequências de uma tolice juvenil. Ah, mas que tentação! Que provocação! Basta, seu idiota! Estude o maldito mapa. Nem Jasmine nem a dor de cabeça abrandaram. — Que maldição! — Com um tapa, ele retirou os pesos sobre os cantos do mapa, enrolou a fina seda no pedaço de uma vareta de vidro. Enfiou a vareta na haste de uma falsa lança antiga. Aquela haste brilhava de tanto manuseio. — Besand teria localizado isso num minuto — rosnou. Ele rangeu os dentes quando sua úlcera deu uma mordida em suas tripas. Quanto mais se aproximava o fim, maior era o perigo. Seus nervos estavam tensos. Ele temia que pudesse falhar na última barreira, que a covardia o devorasse e sua vida tivesse sido em vão. Trinta e sete anos eram um longo tempo para se viver à sombra do machado do carrasco. — Jasmine — murmurou. — Vá chamar uma porca de Bela. — Abriu a porta com violência e gritou para o andar de baixo: — O que foi agora? Era o de sempre. Repreensões sem nenhuma relação com a raiz da insatisfação dela. Uma interrupção dos estudos de Bomanz como retribuição pelo fato de que, na opinião dela, ele havia desperdiçado suas vidas. Ele poderia ter se tornado um homem importante em Remo. Poderia ter dado a ela uma casa grande repleta de criados bajuladores. Poderia tê-la envolvido em tecido com fios de ouro. Poderia ter alimentado com carne, em todas as refeições, sua gordura deplorável. Em vez disso, escolhera uma vida de erudição, disfarçando seu nome e sua profissão, arrastando-a para aquele assombrado e devastado local na Floresta Velha.

Bomanz nada lhe dera, a não ser esquálidos invernos congelantes e indignidades perpetradas pela Guarda Eterna. Bomanz desceu pesadamente a escada estreita, rangente e traiçoeira. Amaldiçoou a mulher, cuspiu no chão, enfiou uma moeda de prata em sua pata dissecada, mandou-a embora com uma súplica de que o jantar, ao menos uma vez, fosse uma refeição decente. Indignidade?, pensou. Vou dizer a você o que é indignidade, sua gralha velha. Vou contar como é viver com uma constante chorona, uma bruxa velha e nefasta de insípidos sonhos juvenis… — Pare com isso, Bomanz — murmurou ele. — Ela é a mãe de seu filho. Dê a ela o valor que merece. Ela não o traiu. No mínimo, ainda compartilhavam a esperança representada pelo mapa de seda. Era difícil para Jasmine esperar, sem consciência do progresso dele, sabendo apenas que quase quatro décadas não renderam nenhum resultado palpável. A sineta da porta da loja tilintou. Bomanz começou a encenar seu papel de lojista. Apressou-se adiante, um homenzinho gordo, careca, com veias azuis nas mãos cruzadas sobre o peito. — Tokar. — Curvou-se ligeiramente. — Eu não o esperava tão cedo. Tokar era um comerciante de Remo, amigo de Stancil, o filho de Bomanz. Ele possuía um modo franco, honesto, irreverente que Bomanz havia se convencido a perceber como a imagem de si mesmo quando jovem. — Eu não planejava voltar tão cedo, Bo. Mas antiguidades estão na moda. É algo incompreensível. — Quer outro lote? Já? Você vai me limpar. — Implicitamente, havia a queixa silenciosa: Bomanz, isso significa trabalho de reabastecimento. Tempo de pesquisa perdido.

— A Dominação é o assunto mais quente deste ano. Pare de perder tempo com ninharias, Bo. Aproveite a chance. Ano que vem, o mercado pode estar tão morto quanto os Tomados. — Eles não estão… Talvez eu esteja velho demais, Tokar. Não aprecio mais a agitação com Besand. Diabos. Há dez anos fui à procura dele. Uma boa briga matava o tédio. A escavação também me esgota. Estou acostumado. E queria apenas me sentar numa varanda e observar a vida passar. Enquanto tagarelava, Bomanz separava as melhores espadas, armaduras, amuletos de soldados e um escudo quase perfeitamente preservado. Uma caixa de pontas de flecha com rosas entalhadas. Umantigo par de lanças de arremesso de lâmina larga, as pontas montadas sobre réplicas de hastes. — Posso enviar alguns homens a você. Mostre a eles onde cavar. Pagarei sua comissão. Você não terá de fazer nada. Esse é um excelente machado, Bo. TelleKurre? Eu poderia vender todo um carregamento de armamento TelleKurre. — Na verdade é UchiTelle. — Uma fisgada de sua úlcera. — Não. Nada de ajudantes.

— Só lhe faltava essa. Um bando de jovens sabichões pendurados em seu ombro, enquanto fazia seus cálculos de campo. — Apenas uma sugestão. — Me desculpe. Não repare. Jasmine ficou em cima de mim essa manhã. Suavemente, Tokar perguntou: — Você descobriu alguma coisa relacionada aos Tomados?

.

Baixar PDF

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Baixar Livros Grátis em PDF | Free Books PDF | PDF Kitap İndir | Telecharger Livre Gratuit PDF | PDF Kostenlose eBooks | Descargar Libros Gratis |