O cheiro de sangue é enjoativo. Centenas de carcaças dependuradas em ganchos prateados, rígidas, brilhando com o sangue congelado. Sei que são apenas animais — vacas, porcos, ovelhas —, mas não consigo deixar de pensar que são seres humanos. Cuidadosamente dou um passo à frente. Luzes fortes, no alto, significam que o lugar é claro como o dia. Tenho de andar com cuidado. Preciso me esconder entre os animais. Tenho de me mover devagar. O chão é escorregadio, coberto de água e sangue, o que dificulta mais ainda meu avanço. Mais à frente eu o vejo… o vampiro… o Sr. Crepsley. Ele se move silenciosamente, como eu, os olhos fixos no homem gordo que está à sua frente. O homem gordo. Por causa dele estou neste abatedouro gelado. Ele é o ser humano que o Sr. Crepsley pretende matar. O homem que tenho de salvar. O homem gordo pára e examina uma das carcaças dependuradas. Seu rosto é rechonchudo e vermelho. Está usando luvas de plástico. Bate com a mão no animal morto — o rangido do gancho quando a carcaça balança me faz rilhar os dentes — e começa a assobiar. Está andando outra vez. O Sr. Crepsley o segue. Eu também.
Ofídio está em algum lugar, mais atrás. Eu o deixei do lado de fora. Não convém que nós dois arrisquemos a vida. Começo a me mover depressa, chegando mais perto. Nenhum dos dois sabe que estou aqui. Se tudo sair como planejado, não saberão. Não, até o Sr. Crepsley fazer o primeiro movimento. Não até eu ser obrigado a agir. O homem gordo pára outra vez. Inclina-se para examinar alguma coisa. Dou um passo para trás, rapidamente, temendo ser visto, mas então o Sr. Crepsley se aproxima. Droga! Não tenho tempo de me esconder. Se for este o momento escolhido por ele para atacar, preciso chegar mais perto. Salto alguns metros para a frente, arriscando ser ouvido. Felizmente, toda a atenção do Sr. Crepsley está concentrada no homem gordo. Estou apenas três ou quatro metros atrás do vampiro agora. Levanto a longa faca de açougueiro que até esse momento eu levava ao lado do corpo. Meus olhos estão fixos no Sr. Crepsley. Não quero agir antes dele — darei ao vampiro a oportunidade de provar que minhas terríveis suspeitas são infundadas, mas assim que o vejo preparado para correr… Seguro a faca com firmeza. Pratiquei o golpe o dia todo. Sei exatamente qual o ponto que devo atingir.
Um golpe rápido no pescoço do Sr. Crepsley e pronto. Era uma vez o vampiro. Mais uma carcaça a ser pendurada. Passam-se longos segundos. Não me preocupo em saber o que o homem gordo está observando. Será que ele nunca mais vai se levantar? Então acontece. O homem gordo ergue o corpo rapidamente. O Sr. Crepsley sibila. Prepara-se para atacar. Posiciono a faca e acalmo meus nervos. O homem gordo está de pé agora. Ele ouve alguma coisa. Olha para o teto — direção errada, seu tolo! — quando o Sr. Crepsley ataca. Salto no mesmo momento que o vampiro, com um grito estridente, brandindo a faca, resolvido a matar… CAPÍTULO UM Um mês antes. Meu nome é Darren Shan. Sou meio-vampiro. Fui humano até roubar a aranha de um vampiro. Depois disso, minha vida mudou para sempre. O Sr. Crepsley — o vampiro — obrigou-me a ser seu assistente e entrei para um circo cheio de artistas esquisitos, chamado Circo dos Horrores. A adaptação foi difícil. Beber sangue foi mais difícil ainda e por longo tempo eu me recusei a fazer isso.
Finalmente, eu fiz, para salvar a memória de um amigo agonizante (os vampiros podemarmazenar as lembranças de uma pessoa se tomarem todo seu sangue). Não gostei — as primeiras semanas foram horríveis e fui atormentado por pesadelos —, mas depois de ter tomado aquele primeiro drinque vermelho-sangue não podia voltar atrás. Aceitei meu papel de assistente de vampiro e aprendi a fazer isso o melhor possível. No ano seguinte, o Sr. Crepsley me ensinou a caçar e sugar sangue sem ser apanhado; como tomar apenas o sangue suficiente para sobreviver; como esconder das outras pessoas a minha identidade de vampiro. E com o tempo deixei para trás meus temores humanos e tornei-me uma verdadeira criatura da noite. Um grupo de meninas olhava, todas muito sérias, para Tuti Membros. Ele estava esticando os braços e as pernas, girando o pescoço, relaxando os músculos. Então, piscando um olho para as garotas, pôs os três dedos do meio da sua mão na boca e os arrancou com os dentes. As meninas gritaram e fugiram. Tuti riu, divertido, e balançou os três dedos novos que começavam a crescer na sua mão. Eu ri. A gente se acostuma com coisas desse tipo quando trabalha no Circo dos Horrores. O espetáculo itinerante estava cheio de pessoas notáveis, horrores da natureza com maravilhosos e às vezes assustadores poderes. Além de Tuti Membros, os artistas eram Sancho Duas Panças, capaz de comer um elefante adulto ou um tanque; Diana Dentada, que podia quebrar aço com os dentes; o Homem Lobo, que matou meu amigo Sam Crespo; Truska, uma mulher bela e misteriosa que podia fazer crescer uma barba no seu rosto quando quisesse; e o Sr. Altão, capaz de se mover com a rapidez do relâmpago e que parecia poder ler as mentes das pessoas. O Sr. Altão era o dono do Circo dos Horrores. Estávamos nos apresentando em uma pequena cidade, acampados atrás de um velho moinho dentro do qual o espetáculo se realizava todas as noites. O lugar era um lixo, mas eu estava acostumado. Podíamos atuar nos grandes teatros do mundo e dormir em luxuosos quartos de hotéis — o Circo ganhava muito dinheiro —, mas era mais seguro ser discreto e continuar nos lugares onde a polícia e outras autoridades raramente apareciam. Eu não tinha mudado muito desde que saíra de casa com o Sr. Crepsley, há quase um ano e meio. Por ser meio-vampiro, envelhecia apenas na proporção de um quinto do tempo de envelhecimento dos seres humanos, o que significa que, embora dezoito meses tivessem passado, meu corpo estava só três ou quatro meses mais velho. Embora não houvesse diferença na minha aparência externa, por dentro eu era uma pessoa inteiramente diversa.
Era mais forte do que qualquer garoto da minha idade, podia correr mais depressa, saltar mais longe e enfiar minhas unhas superfortes em paredes de tijolos. Minha audição, minha visão e meu olfato estavam muito mais apurados. Como não era um vampiro completo, eu ainda não podia fazer uma porção de coisas. Por exemplo, o Sr. Crepsley podia correr a uma supervelocidade, o que ele chamava de deslizar. Podia exalar um bafo de gás que deixava as pessoas inconscientes. E podia trocar pensamentos com vampiros e comalguns outros, como o Sr. Altão. Eu não poderia fazer essas coisas até me tornar um vampiro completo. Isso não me tirava o sono porque ser um meio-vampiro tinha suas vantagens. Eu não precisava tomar muito sangue humano e —o que era melhor — podia me movimentar durante o dia. Era dia quando eu e Ofídio, o menino-cobra, explorávamos o lixo à procura de comida para os Pequeninos — estranhas criaturas pequenas que usavam capuzes azuis e nunca falavam. Ninguém —exceto talvez o Sr. Altão — sabia quem ou o que eles eram, de onde vinham ou por que viajavam com o Circo. O líder deles era um homem perturbador chamado Sr. Tino (ele gostava de comer crianças!), mas não o víamos com frequência no Circo. — Encontrei um cachorro morto — gritou Ofídio, segurando o animal acima da cabeça. — Fede um pouco. Acha que eles vão se importar? Farejei o ar. Ofídio estava longe, mas senti o cheiro do cachorro tão bem quanto um ser humano sentiria de perto e fiz um sinal afirmativo. — Vai servir — disse eu. Os Pequeninos comiam qualquer coisa que levássemos. Eu tinha uma raposa e alguns ratos no saco. Eu não gostava de caçar ratos — os ratos são amigos dos vampiros e geralmente atendem quando os chamamos —, mas trabalho é trabalho. Todos temos de fazer coisas de que não gostamos nesta vida.
Havia uma porção de Pequeninos no Circo — vinte ao todo —, e um deles estava caçando conosco. Ele entrou para o Circo logo depois que eu e o Sr. Crepsley chegamos. Eu o distinguia dos outros porque ele mancava da perna esquerda. Ofídio e eu passamos a chamá-lo de Esquerdinha. — Ei, Esquerdinha! — gritei. — Como vão as coisas? — A figurinha de capuz azul não respondeu, ele nunca respondia, mas bateu na barriga, o sinal de que precisava de mais comida. “Esquerdinha diz para continuarmos”, disse eu para Ofídio. — Foi o que pensei — suspirou ele. Quando procurava outro rato, vi uma pequena cruz de prata no lixo. Apanhei o crucifixo e limpei a sujeira. Observando a cruz, sorri. Pensar que eu antes acreditava que os vampiros tinham horror a cruzes. A maior parte dessas coisas dos filmes e dos livros é bobagem. Cruzes, água benta, alho, nada disso tem efeito sobre um vampiro. Podemos atravessar água corrente. Não precisamos ser convidados a uma casa para entrar nela. Temos sombra e reflexo (embora um vampiro completo não possa ser fotografado. Algo a ver com encontro de átomos). Não podemos mudar de forma nem voar. Uma estaca no coração mata um vampiro. Mas o mesmo acontece com uma bala, com fogo ou como impacto de um objeto pesado caindo em cima dele. É mais difícil matar um vampiro do que um ser humano, mas não somos imortais. Longe disso. Deixei a cruz no chão e recuei um pouco.
Concentrando minha vontade, tentei fazer com que ela saltasse para minha mão esquerda. Olhei durante um minuto inteiro, depois estalei os dedos da mão direita. Não aconteceu nada. Tentei outra vez e não consegui. Havia meses eu vinha tentando, sem sucesso. Parecia tão simples para o Sr. Crepsley — um estalo dos dedos e o objeto estava na sua mão, mesmo quando situado há vários metros de distância —, mas eu não conseguia fazer a mesma coisa. Eu estava me dando muito bem com o Sr. Crepsley. Ele não era de todo mau. Não éramos amigos, mas eu o aceitava como professor e não o odiava mais como logo depois que ele me transformou emmeio-vampiro. Guardei a cruz no bolso e continuei a caçada. Depois de algum tempo, encontrei um gato semimorto de fome, dentro do que restava de um forno de microondas. Ele também estava caçando ratos. O gato me recebeu com um silvo agudo e eriçou os pêlos do pescoço. Fingi dar as costas para ele, então virei rapidamente, agarrei-o pelo pescoço e torci. Com um pequeno grito estrangulado o corpo dele amoleceu. Enfiei-o no saco e fui ver como Ofídio estava se saindo. Eu não gostava de matar animais, mas caçar era parte da minha natureza. De qualquer modo, eu não tinha nenhuma simpatia por gatos. O sangue do gato é venenoso para um vampiro. Se eu tomasse, não morreria mas ia passar mal do estômago. E os gatos são também caçadores. Na minha opinião, quanto menos gatos existissem, maior o número de ratos. Naquela noite, de volta ao acampamento, tentei mover a cruz mentalmente outra vez.
Havia terminado minhas tarefas do dia e o espetáculo só começaria dentro de mais algumas horas, por isso eu tinha muito tempo livre. Era uma noite fria de fim de novembro. A neve não tinha chegado ainda, mas estava ameaçando. Eu usava minha fantasia colorida de pirata: camisa verde-claro, calça púrpura, paletó dourado e azul, uma faixa de cetim vermelho na cintura, chapéu marrom com uma pena e sapatos macios com a ponta virada para cima. Afastei-me das vans e das barracas e encontrei um lugar discreto ao lado do velho moinho. Enfiei a cruz em um pedaço de madeira na minha frente, respirei fundo, concentrei-me na cruz e a mandei vir para a palma da minha mão estendida. Nada. Cheguei mais perto, até minha mão ficar a poucos centímetros da cruz. — Eu ordeno que se mova — disse eu, estalando os dedos. — Eu ordeno que se mova. — Clique. — Mova-se. — Clique. — Mova-se! Gritei a última palavra mais alto do que pretendia e bati com o pé no chão, furioso. — O que você está fazendo? — uma voz familiar perguntou, atrás de mim. Vi o Sr. Crepsley saindo das sombras. — Nada — disse eu, tentando esconder a cruz. — O que é isso? — indagou ele. Seus olhos não perdiam nada. — Só uma cruz que achei quando estava caçando — respondi, estendendo a mão com a cruz. — O que estava fazendo com ela? — perguntou o Sr. Crepsley, desconfiado. — Tentando fazer com que se movesse — disse eu, resolvendo que estava na hora de perguntar ao vampiro sobre seus segredos mágicos. — Como você faz isso? Um sorriso apareceu no rosto dele, enrugando a longa cicatriz no lado esquerdo.
— Então é isso que o está preocupando — riu baixinho. Estendeu a mão e estalou os dedos, me fazendo piscar os olhos. Num instante a cruz estava na mão dele. — Como se faz? — perguntei. — Só os vampiros completos podem fazer? — Vou mostrar outra vez. Olhe com atenção agora. Levou a cruz para o pedaço de madeira, ele recuou e estalou os dedos. Mais uma vez ela desapareceu e apareceu na sua mão. — Você viu? — Vi o quê? — Eu estava confuso. — Uma última vez — disse ele. — Tente não piscar os olhos. Focalizei a pequena peça de prata. Ouvi o estalo dos dedos e — com os olhos bem abertos —pensei ter notado uma leve sombra entre ele e a cruz. Quando me virei, o vampiro estava jogando a cruz de uma das mãos para a outra e sorrindo. — Já descobriu? — perguntou ele. Franzi a testa. — Pensei ter visto… Parecia… — Meu rosto se iluminou. — Você não moveu a cruz! — gritei. — Você se moveu! Com um sorriso beatífico, disse: — Você não é tão bobo quanto parece — elogiou-me com seu costumeiro sarcasmo. — Faça outra vez — pedi. Dessa vez não olhei para a cruz, mas para o vampiro. Não consegui seguir seus movimentos, ele era rápido demais, mas percebi vagas imagens dele quando se lançou para a frente, apanhou a cruz e saltou para trás outra vez. “Então você não pode mover as coisas com sua mente?”, perguntei. — É claro que não — riu. — Sendo assim, por que estala os dedos? — Para distrair os olhos dos outros — explicou.
— Então, é um truque — disse eu. — Não tem nada a ver com ser vampiro. Ele deu de ombros. — Eu não poderia me mover tão depressa se fosse humano, mas sim, é um truque. Eu me interessei por ilusionismo antes de ser vampiro e gosto de me manter em forma. — Posso aprender a fazer isso? — perguntei. — Talvez — disse ele. — Você não pode se mover tão depressa quanto eu, mas pode conseguir, se o objeto estiver perto da sua mão. Teria de praticar com afinco. Mas se quiser posso ensinar. — Eu sempre quis ser um mágico — disse eu. — Mas… espere um pouco… — Lembrei-me das várias vezes em que o Sr. Crepsley abrira fechaduras com um estalar dos dedos. — E fechaduras? — perguntei. — Isso é diferente. Você sabe o que é energia estática? — Eu não sabia. — Alguma vez passou umpente pelo cabelo e depois o encostou numa folha fina de papel? — Isso mesmo! — disse eu. — O papel gruda no pente. — Isso é energia estática — explicou. — Quando um vampiro desliza, forma uma forte carga de energia estática. Eu aprendi a controlar essa carga. Assim, posso abrir qualquer fechadura que você quiser. Pensei no assunto. — E o estalo dos dedos? — perguntei. — Velhos hábitos custam a morrer — sorriu.
— Mas velhos vampiros morrem facilmente! — uma voz rosnou atrás de nós e, antes que eu tivesse tempo de saber o que estava acontecendo, alguém veio por trás e, estendendo os braços, encostou um par de facas afiadas na carne macia dos nossos pescoços! CAPÍTULO DOIS Fiquei paralisado quando senti a faca e ouvi a voz ameaçadora, mas o Sr. Crepsley não deu a mínima. Empurrou a faca gentilmente, e atirou a cruz de prata para mim. — Torvelinho, Torvelinho — suspirou o Sr. Crepsley. — Eu sempre sou capaz de ouvir você a meio quilômetro de distância. — Não é verdade! — disse a voz, irritada. — Você não pode ter ouvido. — Por que não? — perguntou o Sr. Crepsley. — Ninguém no mundo respira tão pesadamente. Eu poderia descobrir você em uma multidão de milhares, com os olhos vendados — Uma dessas noites, Larten — respondeu o estranho —, uma noite dessas eu o apanho. Veremos então o quanto você é esperto. — Nessa noite me retirarei coberto de vergonha — riu o Sr. Crepsley. O Sr. Crepsley levantou uma sobrancelha para mim, com ar divertido, vendo que eu estava ainda rígido e com um pouco de medo, mesmo sabendo que nossas vidas não corriam perigo. — Devia se envergonhar, Torvelinho — disse o Sr. Crepsley. — Você assustou o garoto. — Parece que é só para isso que sirvo — rosnou o estranho. — Assustar crianças e velhinhas. Virei devagar e me vi cara a cara com o homem chamado Torvelinho. Ele não era muito alto, mas era largo, como um lutador de luta livre. O rosto era uma massa de cicatrizes e manchas escuras e as bordas das pálpebras eram extremamente negras.
O cabelo castanho era curto e ele vestia calça jeans comum e um blusão branco folgado. Tinha um largo sorriso e dentes brilhantes e amarelos. Só quando olhei para as pontas dos seus dedos e vi dez cicatrizes compreendi que ele era umvampiro. É assim que a maioria dos vampiros é criada. Sangue de vampiro é bombeado neles através da carne macia na ponta dos dedos das mãos. — Darren, este é Torvelinho — apresentou-nos o Sr. Crepsley. — Um velho amigo digno de confiança e bastante desajeitado. Torvelinho, este é Darren Shan. — Prazer em conhecê-lo — disse o vampiro, sacudindo minha mão. — Você não me ouviu chegar, não é? — Não — respondi honestamente. — É isso aí! — disse ele com seu vozeirão. — Está vendo? — Meus parabéns — disse o Sr. Crepsley secamente. — Se alguma vez você for chamado para entrar sem ser visto num quarto de criança, não terá problemas. Torvelinho fez uma careta. — Vejo que o tempo não suavizou você. Cortante como sempre. Quanto tempo faz? Catorze anos? Quinze? — Dezessete em fevereiro próximo — respondeu o Sr. Crepsley imediatamente. — Dezessete! — assobiou Torvelinho. — Mais do que pensei. Dezessete anos e azedo como sempre. — Cutucou minhas costelas. — Ele ainda acorda ranzinza como uma velha? — perguntou.
— Sim — disse eu, rindo. — Nunca consegui uma palavra positiva dele até a meia-noite. Tive de partilhar um caixão com ele certa vez, durante quatro meses inteiros — estremeceu ao lembrar. — Os quatro meses mais longos da minha vida.
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