Meu personagem está terminando a sua aula. Ele revê, repete, insiste, aponta cada um dos tópicos do quadro-negro, numerados de um a oito, quatro à esquerda, quatro à direita, e há uma delicada aflição em seu rosto. Ele deseja que não reste qualquer dúvida, e cada nervo do seu corpo testemunha isso, a alma inteira voltada para as suas próprias palavras. Mas há um fosso logo atrás dele – e do outro lado do fosso estão suas quarenta alunas vestidas de azul, cada uma delas, muito provavelmente, pensando em outra coisa que não no que está escrito adiante, nem no que elas estão ouvindo. Entretanto, há silêncio. A aula está muito próxima do fim, parece que elas prendem a respiração na agonia do sinal: em algum lugar do prédio há um inspetor se dirigindo nesse exato momento ao botão da campainha que decretará o fim de todo um ciclo de voz e giz em todas as salas. Mas não sejam injustos: não é por isso que as meninas estão em silêncio. Elas estão em silêncio também porque o professor o merece. Nada de extraordinário; é um professor monótono que ensina coisas chatas girando em volta da mesa como uma formiga tentando escapar de um copo de vidro. Mas há visível carinho nos seus gestos; é possível (é até bem provável) que ele tenha consciência de que o tempo dele não serve para não naquele espaço, é provável que ele saiba – é claro que sabe! – que suas palavras têm pouquíssima importância. E no entanto ele se move, ele diz, ele repete, ele escreve no quadro-negro, e aquele zigue-zague de gestos concentrados concentra o olhar das quarenta alunas, como quem admira o trabalho de um artesão – um relojoeiro, um sapateiro, um técnico de rádio e TV – mesmo sem entender nada do que está vendo. Em suma: ele faz a coisa bem feita, e isso sempre causa admiração. Mas há um outro segredo, talvez o principal motivo do respeito que recebe sendo um homem tão… sem brilho: é que nós sentimos que ele é muito superior ao que parece ser. Às vezes chegamos quase a ver um sorriso no fundo daquele ritual mecânico das aulas, uma risadinha que a qualquer momento poderá desabrochar uma gargalhada de libertação – e então estaremos diante do Verdadeiro Professor, exatamente como desconfiávamos! Bem, não vemos a risadinha: apenas desconfiamos dela. E há outro detalhe a considerar: o professor é um homem desmazelado. Pior: ele se acha feio e se retesa todo em defesa. Daí aquele fosso: se ele desse um passo em direção das meninas rosadinhas e atentas, certamente despencaria no precipício. Se, por distração, ele avança em excesso, a mão já volta para trás, cega, tateando a mesa, puxando-o de volta ao quadro-negro. Bem, as alunas também consideram o professor feiozinho, relaxado mesmo – mas, construtivas, levantam hipóteses e traçam planos secretos para que ele melhore um pouco: talvez a cor das camisas, talvez o estilo das calças, quem sabe um novo corte de cabelo… quanta coisa poderia ser feita! Chegam a discutir a cor das meias! É um carinho desinteressado, talvez até precocemente maternal. Há, é claro – sempre há dessas pessoas –, as que escarnecem cruelmente do professor. E há também as apaixonadas, as platônicas que sentam na primeira fila e nunca sabem as respostas certas. Pois bateu o sinal. Nenhuma debandada: apenas uma sucessão crescente de pequenos ruídos, avisando-o de que elas já estão cheias por hoje: ele compreende e diz: – Estão dispensadas. Só então a correria. Sem olhar para ninguém, o professor junta as folhas, cadernos e livros, apaga o quadro com método, avança pelo corredor evitando cuidadosamente esbarrar em alguém, e entra na sala dos professores para o ritual do cafezinho.
Observem: ele vai direto à garrafa térmica. Trabalha no Colégio há uns oito anos, mas temos a sensação exata de que chegou ontem. É visível: ele não se sente em casa; ele é silencioso; tenta ser discreto, mas gagueja; é um homem esquisito. Não vou falar dos outros professores, porque é grande a tentação da caricatura, assim na pressa. Vocês já conhecem: o gordo bonachão que lê a página de esportes, a loira que faz especialização pedagógica, a coroa que conta quinquênios, o japonês recém-formado em arquitetura, o diretor que racionalizou o café e as bolachas da hora do lanche, e daí por diante. O fato é que, amigos ou inimigos, todos esses falam mais ou menos a mesma língua e frequentam as mesmas festas. O único estranho, o único esquisito ali é o meu amigo. Vejam: depois de tantos anos, ele ainda treme ao tomar o cafezinho, e continua a escolher a sombra, o canto, o atrás, para esperar o próximo sinal. O que dirão dele pelas costas? Aparentemente, ele nem está interessado em saber, olhando a parede, xicrinha à mão, talvez remoendo o pânico de que lhe dirijam a palavra. Encerradas as aulas da manhã, o professor junta seu material e desce rápido as escadas, sempre evitando o esbarrão, e enfrenta, com discreto alívio, o sol e o calor brutal de março, na verdade mais um vapor que emana do chão: choveu a noite inteira e a cidade é um mar de barro, barro vermelho, grudento, invencível. Observem: o vermelho do barro avança sobre todas as cores da cidade. Na frente das casas vemos limpadores de pé que nos lembram ruas de faroeste, com aqueles paus de amarrar cavalos. Já foi pior; graças a uma campanha do Lyons e do Rotary, que se uniram pela primeira vez, conseguiu-se um asfalto na avenida principal, que, de fato, é a única. Mas o professor está ainda a duas quadras da avenida, e no lado pior, o solitário, que não conta com nenhum caminho de tijolos. O lado bom da rua, como sempre, já está tomando pelas alunas, e ele não se sentiria bemse juntando a elas, no meio daquela gritaria idiota de gente em bando. A cada passo do professor junta-se mais barro nas solas e ele se equilibra incerto, como em pequenas pernas de pau. E há uma falta generalizada de pedras. Os muito ricos compram caminhões de pedras para suas fachadas, mas também estas se emporcalham de barro. Finalmente ele chega à avenida, raspando os pés no asfalto, largando tocos de barro, e segue rápido à banca de revistas, que desta vez não fechou para o almoço. Não é exatamente uma banca, mas uma acanhada loja de armarinho que por acaso vende números atrasados de revistas e jornais – e lá estava, no banquinho de sempre, a Maria Louca, acenando para ele, torta e tartamuda, sorridente e burra, feliz por encontrar o freguês amigo e lhe entregar o jornal de São Paulo, razoavelmente novo. Ela ria, ele dava o dinheiro, ela ia tonta até o balcão, pegava o troco com o pai, entregava-o ao professor, aceitava o carinho desajeitado nos cabelos e voltava ao banquinho para cair de novo no insondável silêncio. A essa altura, meu amigo sentirá fome. Ele desce a avenida, eventualmente cumprimentando aqui e ali, até o Snooker Bar, com a enorme televisão pendurada no teto, imagens fantasmagóricas, em volume sempre acima do normal, mais o barulho das bolas de bilhar e exclamações respectivas, e, no outro lado, as mesinhas de fórmica. Ele vai lá para o fundo, na última, de costas para a parede e de olho no jornal, devorando pedaços de velhas notícias, até que o dono do bar lhe traga o prato de sempre: bife, ovo frito, arroz, feijão, batata frita, duas folhas de alface e três rodelas de tomate. O professor é um homem magro – de fato, seco, de uma secura esticada, se vocês entendem –, mas come bem.
Bem e rápido: come olhando o jornal, como quem considera o ato de comer uma perda de tempo. Há pessoas assim. Daí porque ele gosta do Snooker Bar: é despachado (ainda que às vezes o bife venha frio), é familiar (o dono já o conhece; nenhuma investigação prévia, nenhuma desconfiança tática, nenhuma má vontade ou excesso de boa vontade; nenhuma pergunta, principalmente), e é prático (lá está o dono abrindo a gaveta do balcão e anotando mais um almoço, que será pago ao final do mês). Levaria muito tempo até ele conquistar essa intimidade ideal emoutro restaurante: assim ficava por ali mesmo, que era, aliás, seu único espaço social, por assimdizer. Terminada a refeição, meu amigo fumará o primeiro cigarro do dia. Ele jamais fumaria em sala de aula (talvez por desconfiar de que, fatalmente, trocaria o cigarro pelo giz), e talvez fumasse na sala dos professores (isso já aconteceu de modo desastrado, três vezes), mas pela manhã ele está normalmente indisposto. Melhor: profundamente indisposto, e uma tragada assim é sempre azeda. Mas logo depois do almoço era sempre um bom momento. Vejam: pouquíssimas pessoas são capazes de tragar com tamanho prazer. Há até um toque de fúria naquela aspirada que pretende acabar com o cigarro de um único golpe; mas o sopro – que alívio! que delícia! Observem como ele se recosta, como fecha os olhos, como sonha! Fumar assim nem chega a ser um vício! Brevemente entontecido, ele sai para a rua depois de um aceno discreto ao proprietário (cujo nome ainda não conseguiu decorar ao longo dos anos, alguma coisa entre Durval e Nerval), sente o sol forte, praticamente vendo o vapor subir do barro, abaixa a cabeça e assim avança, rápido, obtuso, em linhas retas e cegas, em direção à sua casa. Há uma razão para ele quase nunca olhar para os lados, ou para a frente, ou para trás: a cidade é horrível. Não só pelo barro vermelho, que de um jeito ou outro emporcalha tudo, por dentro e por fora, na lama ou no pó, mas por não ser exatamente uma cidade: é antes uma parada de ônibus comdez ou quinze anos de idade que de repente inchou, amontoando casas e prédios e fachadas semhistória, gosto, cor ou arquitetura. Uma provisoriedade desesperada, deselegante e grossa, aqui e ali ostensiva, às vezes se fazendo em castelos de mármore, plástico, fórmica e anões de jardim; ou numchafariz entupido; ou numa estação rodoviária despejando miseráveis, uma pobreza fétida, mais suja ainda, de sacos e filhos e galinhas à mão; ou na quermesse do padre; ou nos dentes de ouro; ou…Não: meu amigo, que é delicado, não poderia olhar para nada disso. Melhor correr para casa, à luz do sol e debaixo de um céu verdadeiramente monumental – aquele azul, sim, dava gosto, e só ele. O local em que ele vivia também era incompleto. Sobre quatro paredes brutas nascidas à beira da rua erguia-se um segundo andar imprevisto, com uma escada nua de concreto inventada por fora, como último recurso, atravessando uma janela inferior – e não há corrimão. De modo que, junto coma escada, sobem as marcas de mãos medrosas na parede originalmente branca, até a porta lá emcima. Naquele patamar incerto, meu amigo vasculha o bolso com a mão direita (enquanto a esquerda sustenta o material da escola e o jornal) – de longe é um pêndulo ao contrário –, encontra a chave e entra no apartamento. Bem, é um espaço que potencialmente pode ser chamado de apartamento. O proprietário – motorista autônomo que vive levando soja a Paranaguá – foi erguendo seu castelo como pôde. Pelo menos o térreo, onde estão a mulher e os filhos, já é perfeitamente habitável, até luxuoso, digamos, de acordo com alguma escala de valores mais tolerante. Quanto ao andar de cima… bem… foi o próprio professor que insistiu em alugá-lo, do jeito que estava mesmo: um retângulo 8 x 6 com umbanheiro num canto e uma pia de cozinha em outro. Assim aberto, o local poderia até ser considerado um espaço moderno, que permite decoração múltipla e intercambiável, funcional, como esses que aparecem nas revistas, ideais para executivos solteiros; o problema eram as janelas, tão acanhadas para aqueles paredões livres, uma de alumínio, outra de ferro, outra de madeira; o problema seriamas cores berrantes, um lado azul, outro verde, outro… mas absolutamente nada disso incomodava o professor. Ele largou as coisas na escrivaninha, foi ao banheiro, escovou os dentes, lavou o rosto, enxugou-se e ficou algum tempo se olhando no espelho, com uma atenção com que não olharia nenhuma outra coisa desse mundo. Um olhar a um tempo concentrado e neutro, que não pretende chegar a lugar nenhum e nem concluir nada.
Recordou: Toda compreensão súbita é finalmente a revelação de uma aguda incompreensão. Livrou-se da própria face e sentou-se à escrivaninha. Este era sempre um bom momento. Pela janela quadrada via os caminhões no asfalto; então punha as mãos na nuca e reclinava-se até que o asfalto desaparecesse e o azul tomasse conta da moldura; sustentava alguns segundos o azul, para se acostumar com ele; daí avançava cuidadosamente a cabeça, e uma faixa de verde, um verde longínquo, apoiava o céu. O azul monumental sobre aquela réstia de verde, esse o quadro que um dia ela ainda iria pintar; uma imitação brutal da natureza, tão brutal que se tornava outra coisa. Recuando ou avançando o corpo, ele testava os volumes do quadro até desenhar o perfeito equilíbrio, o ponto ótimo. Digamos: 87% de azul para 13% de verde. Ele também testava outras combinações, mas todos os jogos desembocariam aí. Às vezes começava do pior, cabeça bem à frente, asfalto, antenas, casas, homens, barro, uma grosseria desordenada – e cultivava o prazer do retorno, polegada a polegada, até retomar o equilíbrio do seu ponto ótimo. Pacificado com o reencontro, meu amigo abriria, digamos, Clarice Lispector, ao acaso, mas com devoção. Assim: Pois o que eu estava vendo era ainda anterior ao humano. Lia em voz baixa, sussurrante, apreendendo a essência que advém da magia mesma da repetição. Às vezes isso tomava algumas horas; às vezes, como hoje, não mais de alguns minutos. Fechou o livro, e, para conter o que lhe parecia excesso de ansiedade, procurou de novo o ponto ótimo: lá estava ele, agora invadido por um chumaço de nuvem. As nuvens exigiam alguma perícia adicional: mover a cabeça, para a esquerda, para a direita, até que os volumes se ordenassem pacificamente na moldura, o que não era fácil – o equilíbrio resultava sempre instável. Mas uma vez satisfeito com o resultado, abriu a última gaveta e tirou a velha pasta vermelha recheada de folhas azuis, fininhas, uma face lisa e outra áspera, que ele vinha preenchendo com sua letra miúda já há quase cinco anos. Faltava pouco; a última página! Na verdade, faltava suprimir alguma coisa, não acrescentar. O difícil não é escrever; o difícil é cortar! Leu em voz alta as cinco últimas frases, leu de novo, e de novo – havia alguma coisa demais ali. Acendeu um cigarro, recostou-se, vislumbrou um ponto ótimo sem prestar atenção, ponderando se deveria consultar o I-Ching. O oráculo decidiria. Não. Preferiu ler de novo. A quarta frase estragava tudo, descobria: uma aliteração insidiosa de esses e pês destroçava o texto. Riscou o período inteiro e releu o conjunto restante. Fechou os olhos.
Bonito. Bonito e sonoro. Bonito, sonoro e verdadeiro. Ele estava ali como não conseguia estar em nenhumoutro espaço da vida. Quase cinco anos! Folheou carinhosamente as folhas manuscritas – datilografadas dariam umas cento e tantas páginas em espaço dois – e sorriu, numa contida emoção. Eram apenas duas horas da tarde, mas a tentação foi insuportável: avançou para a garrafa de Black & White e esvaziou um copo, sem gelo mesmo. Era inútil, ele sabia, mas mesmo assim devolveu a garrafa à prateleira, junto com as outras. Voltou à escrivaninha, equilibrou duas nuvens no ponto ótimo e contemplou-se, manuscrito, na última página. Um momento doloroso: faltava assinar. Quase escreveu, de uma vez: Josilei Maria Matôzo. Meu amigo é dessas pessoas que detestam o próprio nome – não são tão raras assim. No caso dele, não só o nome, mas a própria grafia, que lhe parecia um atentado à profissão de professor de Língua Portuguesa. Às vezes, conseguia brincar, dizendo a si mesmo que seria morto pelo nome, como o colocador de pronomes que morreu fulminado por uma ênclise. Uma vaidade, dizia ele a ele mesmo, acendendo outro cigarro e controlando o desejo de olhar para as garrafas da prateleira, uma vaidade ridícula, mas o nome escrito é um texto. E como tal será lido. E como tal será julgado. Foi inútil guardar a garrafa, conforme já sabia. Levantou-se e avançou contra ela novamente, para encher outro copo, desta vez com gelo. Mas nem deu tempo ao gelo: esvaziou o copo de um gole e encheu-o de novo, para repetir a mesma providência teimosa de guardar o uísque junto com os outros. Procurou de novo o ponto ótimo, já num crescendo de excitação, e súbito decidiu: J. Mattoso. Não exatamente um pseudônimo; ele diria que se tratava de um aprimoramento. Um nome sólido e digno, discreto e respeitável. Fumou o cigarro até o fim, contemplando a janela que agora se enchia de nuvens. Faltava ainda um último detalhe para ele se sentir perfeitamente bem, para que aquele trabalho de formiga ao longo de cinco anos, palavra a palavra, se resolvesse, como síntese, em alguma coisa semelhante à felicidade, um nome que ele imediatamente descartou, sacudindo a cabeça – não era bem isso, ou isso que não era nada; se resolvesse numa sensação de plenitude – não, também não! Nada rotundo, nada imponente! Uma sensação tranquila (ainda que momentânea).
Tranquila. Não era exatamente isso, mas era razoável. O suspiro de um trabalho bem feito, mas não era um trabalho qualquer (uma aula, por exemplo). Acendeu outro cigarro: um trabalho único! Um trabalho que só existe porque ele, Mattoso, existe; um trabalho que é ele. Isto, assim: o único objeto do mundo inteiro que era ele, muito mais intensamente e perfeitamente que o próprio ser físico que o produzira, aquele Matôzo desconjuntado com os pés de barro abrindo mais uma vez a garrafa atrás do último detalhe: o título. Voltou à cadeira e não mais achou o ponto ótimo, nuvens de um lado a outro, em câmara lenta, monótonas. Súbito, arrancou o volume sebento do I-Ching debaixo de uma pilha de gramáticas e abriu ao acaso. Disse o Oráculo: 57. SUN /A SUAVIDADE (O PENETRANTE, VENTO). Pulou linhas. Na natureza, é o vento que dispersa as nuvens acumuladas e deixa o céu claro e sereno . Adiante: A SUAVIDADE. Sucesso através do que é pequeno. Outro copo, outro cigarro, um caminhar agoniado na jaula cheia de pequenos monstros. Antevendo um gozo secretíssimo, voltou ao Livro em olhares rápidos, temendo que alguma palavra avulsa, de mau jeito, desfizesse o encanto que se armava. A SUAVIDADE significa curvar-se. Adiante: A SUAVIDADE permite avaliar as coisas e permanecer oculto. Adiante: O suave penetrar torna o caráter capaz de influenciar o mundo externo e de ganhar controle sobre ele. Pois desse modo se pode compreender as coisas em sua essência, sem precisar se pôr em evidência. Fechou abrupto o Livro, receando dispersar o instante único que vivia. Abriu sôfrego o manuscrito e escreveu: A SUAVIDADE DO VENTO. Agora sim, sorriu deliciadamente. Melhor: sorria deliciadamente enquanto punha mais gelo no copo e esvaziava a garrafa de Black & White, que desta vez foi para baixo da pia ao lado de dezenas de outras.
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