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Agape – Padre Marcelo Rossi

Ágape é o amor incondicional, o amor generoso, o amor sem limites; puro, livre! Estamos acostumados a viver em um mundo em que as pessoas agem na expectativa de reciprocidade. A ação traz uma reação. Infelizmente, não se encontra sabor em relações desinteressadas. A suposta amizade vive de expectativas. O que o outro pode me proporcionar? Que ganho haverei de ter ao ido a tal evento? Quem é fulano? O que ele faz? É filho de quem? Tempos em que os adornos valem mais do que o essencial. Tristes tempos. As amizades interesseiras têm prazo de validade. As relações são inconsistentes. É comum em um círculo de amigos cada qual falar de si mesmo, como um hobby. Uma geração narcisista. O pronome mais utilizado é a primeira pessoa: “eu”. Tristes tempos, repito. Tempos de escassez de atitudes de misericórdia — descartar uma pessoa é mais fácil do que se desfazer de um objeto de estimação. Falta estima pelo ser humano. Vivemos em uma sociedade em que o consumo coisifica a pessoa. Quanto mais se tem, mais se deseja, e quando não se tem, o desejo também faz questão de ficar. Falta um sonho de vida e sobram angústias pelas ausências desse sonho. Conheci mais de perto padre Marcelo Rossi e dom Fernando Figueiredo quando eu era secretário de Estado da Educação e pedi que celebrassem missas nas unidades da antiga Febem de São Paulo. Esses homens de Deus imediatamente aceitaram e, com ternura, levaram Ágape àqueles meninos e meninas. Não se preocuparam com o passado errante; ao contrário, falaram de sonho, de acolhimento, de um Homem que marca a humanidade por sua capacidade de amar aqueles que não seriam escolhidos, nos padrões utilitaristas, para ser amados. Naquelas celebrações, passei a admirar ainda mais a missão de um bispo e de um padre no meio de ovelhas tão feridas. Fiquei honrado pelo convite de prefaciar este livro. Primeiro, por ter um carinho de irmão por padre Marcelo e, depois, pela atualidade, leveza e profundidade de seus escritos. É preciso apresentar o amor Ágape. Faz bem para a alma de qualquer pessoa.


Não podemos permitir que os erros vençam os acertos, que a superficialidade ocupe mais espaço que a densidade do mundo intrapessoal e inter-relacional. É preciso resgatar os valores que nos conduzem à felicidade. E de maneira simples e profunda como é a Palavra de Deus. O livro faz uma bela reflexão sobre alguns trechos do Evangelhos de São João. O apóstolo João escreve com profundidade sobre a vida de Jesus. Seu estilo é mais contemplativo, mais intuitivo. Usa as metáforas com conhecimento semântico e estilístico. Mergulha nos fatos não apenas para narrálos, mas para que participemos deles. O primeiro trecho escolhido é a abertura solene do Evangelhos de São João. Traz o evangelista o embate entre a luz e as trevas. A Luz, o Verbo, é Deus, Criador, Ágape do universo. Livre. Amor gratuito. Ágape, amor restaurador, salvador, santificador. Luz e trevas — o Verbo ilumina os homens que são convidados, como João Batista, a iluminar. As Bodas de Caná, milagre que não se encontra nos relatos de outros evangelistas, traz uma linda reflexão sobre a importância de Maria e sua missão de cuidar daquilo que nos falta. Maria é a mulher atenta às angústias de seus filhos. Seu olhar não é superficial, sua presença não é a de uma convidada despreocupada com os festejos. Maria se faz presente para que nada falte à festa. E, dando continuidade ao que nos revela o seu encontro com o anjo Gabriel e com sua prima, Isabel, Maria dizia com o silêncio. Falava apenas quando inspirada pelo espírito de amor. Como no Magnificat, no capítulo primeiro do Evangelhos de São Lucas: 46 E Maria disse: Minha alma glorifica ao Senhor, 47 meu espírito exulta de alegria em Deus, meu Salvador, 48 porque olhou para sua pobre serva. Por isto, desde agora, me proclamarão bemaventurada todas as gerações, 49 porque realizou em mim maravilhas aquele que é poderoso e cujo nome é Santo. 50 Sua misericórdia se estende, de geração em geração, sobre os que o temem. 51 Manifestou o poder do seu braço: desconcertou os corações dos soberbos.

52 Derrubou do trono os poderosos e exaltou os humildes. 53 Saciou de bens os indigentes e despediu de mãos vazias os ricos. 54 Acolheu a Israel, seu servo, lembrado da sua misericórdia, 55 conforme prometera a nossos pais, em favor de Abraão e sua posteridade, para sempre. Que bela expressão: “desconcertou os corações dos soberbos”! O Magnificat é o canto inspirado na gratidão a Deus pela sua ação Ágape. É Deus amando, cuidando dos seus filhos. “Sua misericórdia se estende, de geração em geração.” Misericórdia é Ágape. Coração comcoração. Misericórdia teve Jesus com a Samaritana, a estrangeira a quem se revela; com os irmãos seus que não tinham o que comer, na multiplicação dos pães; com a mulher adúltera. Era Jesus e os soberbos, os preconceituosos, os que estavam ávidos por um julgamento hipócrita. A expressão desconcertante foi: “Quem de vós estiver sem pecado, seja o primeiro a lhe atirar uma pedra”. É Jesus o Bom Pastor. São João resgata o conceito bíblico presente no Livro Primeiro de Samuel em que Davi se apresenta para enfrentar o filisteu Golias. Davi era um menino, jovem, loiro e de delicado aspecto (cf. 1Sm 17,42). O rei Saul não acreditava ser possível um menino, que era apenas um pastor, ser capaz de enfrentar um gigante, um homem de guerra desde sempre, como Golias. E Davi insiste, explicando que quando apascentava as ovelhas do seu pai e surgia um urso ou um leão ele era capaz de vencer e matar, se necessário fosse, para defender as suas ovelhas (cf. 1Sm 17,34-37). O Bom Pastor cuida de suas ovelhas. Jesus nos convida a sermos cuidados e a cuidar simultaneamente. Somos ovelha e pastor. Somos pastor e ovelha. Cuidamos do outro e nos permitimos a ação generosa do cuidar. As passagens continuam, e padre Marcelo escolhe a Ressurreição de Lázaro para nos falar da fé e das perdas; o lava-pés para nos falar da humildade. Jesus, Senhor, faz-se servidor.

O líder é o que serve. Serve a uma causa, a causa do amor. Serve a um povo, o povo escolhido. Todos nós. E vem o maior de todos os mandamentos: “Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros, como eu vos amo”. Aqui se resume toda a lei e todos os profetas. Ágape. Jesus veio ao mundo para ensinar a amar e para religar o amor dos filhos com o Pai. A crucificação e a ressurreição atestam a vida vencendo a morte. Diante de Pedro, Jesus volta ao tema do amor e pede ao discípulo que revelou que o amava: “Apascenta as minhas ovelhas”. Há aspectos que nos servem de referenciais no livro. O autor nos traz testemunhos de vida que iluminaram e iluminam o mundo com o Amor Ágape: Madre Teresa de Calcutá, Irmã Dulce e Zilda Arns. Santos que amaram incondicionalmente como São Francisco, Santa Tereza D’Ávila, São João da Cruz, São João Maria Vianey, Santa Terezinha do Menino Jesus, São Benedito e tantos outros. Amores concretos. Oração e ação. Que bela a oração de Santo Tomás de Aquino nos ensinando a viver a ética cotidiana. O autor nos remete à Encíclica do papa Bento XVI, que nos apresenta a Caridade na Verdade e nos convida a cuidar da “pessoa humana toda” e de “todas as pessoas”. Todos os capítulos terminam com uma oração. A oração que é a força que nos comove e nos move para a ação. Voltemos ao início deste singelo prefácio. Este livro é uma resposta amorosa a uma parte significativa da sociedade que desconhece a essência da natureza humana: a bondade. A bondade é filha do Amor. Ágape gera a bondade. A bondade é o amor em ação. O convite que padre Marcelo nos faz com este livro é exatamente este: que sejamos bons! Que a leitura de trechos da vida de Jesus nos ajude a compreender melhor esse Homem extraordinário que foi capaz de superar a lei e apresentar a razão da própria lei: a pessoa humana.

Jesus surpreendeu e surpreende. Seu olhar apaixonante nos impulsiona a desacreditar de teses que nos apresentam ummundo mesquinho, materialista, egoico. O mal não pode vencer o bem. Se as atrocidades nos incomodam, se a banalização da violência nos assusta, é preciso ir além. Além do que os nossos olhos podem ver, além do que os nossos sentidos podem captar. É preciso ir além e chegar ao recôndito do nosso coração onde só a linguagem da alma, dos sentimentos, da simplicidade e da fé é capaz de alcançar. Ágape. Boa leitura. Boa ação! Gabriel Chalita É escritor e doutor em Filosofia do Direito e em Comunicação e Semiótica Introdução Ágape é uma palavra de origem grega que significa o amor divino. O amor de Deus pelos seus filhos. E ainda o amor que as pessoas sentem umas pelas outras inspiradas nesse amor divino. Deus é amor. A criação do mundo e do homem é um ato contínuo de amor. É por isso que o profeta Isaías traz esta revelação tão essencial: 4 Porque és precioso a meus olhos, porque eu te aprecio e te amo, permuto reinos por ti, entrego nações em troca de ti. 5 Fica, tranquilo, pois estou contigo, (…).(Is 43,4-5b). A palavra de Deus nos traz essa revelação. Deus nos ama. Deus nos aprecia. Valemos mais do que reinos e nações. Aqui não se trata de pessoas que vivem em reinos e nações, mas de poder. O poder do amor de Deus por seus filhos é maior do que qualquer outra forma de poder. Uma mulher, um homem, valem mais do que o exercício de poder sobre todo um reino. Ou, em outras palavras, o poder só se justifica se tiver como preocupação central a pessoa humana. O poder não pode ter umobjetivo em si mesmo.

O seu objetivo tem de ser o cuidado, o respeito, a caridade para com quemmais precisa. Madre Teresa de Calcutá, a mulher plena de Amor e cheia de poder, nos ensinou em oração e ação. É seu este poema da paz: O dia mais belo? Hoje A coisa mais fácil? Equivocar-se O obstáculo maior? O medo O erro maior? Abandonar-se A raiz de todos os males? O egoísmo A distração mais bela? O trabalho A pior derrota? O desalento Os melhores professores? As crianças A primeira necessidade? Comunicar-se O que mais faz feliz? Ser útil aos demais O mistério maior? A morte O pior defeito? O mau humor A coisa mais perigosa? A mentira O sentimento pior? O rancor O presente mais belo? O perdão O mais imprescindível? O lar A estrada mais rápida? O caminho correto A sensação mais grata? A paz interior O resguardo mais eficaz? O sorriso O melhor remédio? O otimismo A maior satisfação? O dever cumprido A força mais potente do mundo? A fé As pessoas mais necessárias? Os pais A coisa mais bela de todas? O amor O amor é a coisa mais bela de todas, porque o amor é ação. O amor é cuidado. E Deus nos ama. E o Seu amor nos dá a paz cotidiana como diz o poema. Voltando ao Livro de Isaías, no final do trecho, vem uma palavra de consolo para todos aqueles que se angustiam na jornada da vida: “Fica, tranquilo, pois estou contigo”. Tranquilidade é um dom de Deus. Não significa que os problemas deixarão de existir. Entretanto, é a calma necessária, o tempo como um novo nome para o amor que nos apresenta a esperança. Diante do cortejo da dor, surge a esperança. A esperança nos tranquiliza por sabermos que Deus está conosco. E está conosco porque nos ama. O Ágape é, assim, a Revelação de Deus. É o Deus que cria porque ama. É o Deus que salva porque ama. É o Deus que santifica porque ama. Neste livro, vou tratar o amor Ágape inspirado em alguns trechos do Evangelho de são João. Evidentemente, toda a palavra de Deus é inspirada e inspiradora desse amor. A escolha de algumas passagens do Evangelho de são João não obedece a um critério de importância, mas apenas a umolhar para a beleza da encarnação do Filho de Deus. Este livro não tem a preocupação de explicar com riqueza teológica o Evangelho de são João como fez santo Agostinho em Comentário ao Evangelho de João, obra de riqueza inigualável que permanece depois de tantos séculos. Este livro tem uma intenção oracional. É um diálogo que, na condição de padre, faço com os meus filhos. O meu sacerdócio é um serviço ao Senhor. Nas celebrações eucarísticas, nos programas de rádio, nas visitas aos doentes, nos sacramentos que comamor realizo, tenho a humilde intenção de fazer com que as pessoas percebam o Ágape, o amor de Deus que dá significado à nossa vida.

Poderia ter escolhido o Evangelho de são Mateus ou de são Marcos ou de são Lucas. Poderia ter escolhido qualquer outro livro da Bíblia do Antigo ou do Novo Testamento. Poderia ainda, já que a escolha foi são João, ter refletido sobre suas lindas cartas. A inspiração divina capaz de nos trazer esta preciosidade que está no capítulo 4 da Primeira Carta de são João: 7 Caríssimos, amemo-nos uns aos outros, porque o amor vem de Deus, e todo o que ama é nascido de Deus e conhece a Deus. 8 Aquele que não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor. 9 Nisto se manifestou o amor de Deus para conosco: em nos ter enviado ao mundo o seu Filho único, para que vivamos por ele. 10 Nisto consiste o amor: não em termos nós amado a Deus, mas em ter-nos ele amado, e enviado o seu Filho para expiar os nossos pecados. 11 Caríssimos, se Deus assim nos amou, também nós nos devemos amar uns aos outros. 12 Ninguém jamais viu a Deus. Se nos amarmos mutuamente, Deus permanece em nós e o seu amor em nós é perfeito. 13 Nisto é que conhecemos que estamos nele e ele em nós, por ele nos ter dado o seu Espírito. 14 E nós vimos e testemunhamos que o Pai enviou seu Filho como Salvador do mundo. 15 Todo aquele que proclama que Jesus é o Filho de Deus, Deus permanece nele e ele em Deus. 16 Nós conhecemos e cremos no amor que Deus tem para conosco. Deus é amor, e quem permanece no amor permanece em Deus e Deus nele. 17 Nisto é perfeito em nós o amor: que tenhamos confiança no dia do julgamento, pois, como ele é, assim também nós o somos neste mundo. 18 No amor não há temor. Antes, o perfeito amor lança fora o temor, porque o temor envolve castigo, e quem teme não é perfeito no amor. 19 Mas amamos, porque Deus nos amou primeiro. 20 Se alguém disser: Amo a Deus, mas odeia seu irmão, é mentiroso. Porque aquele que não ama seu irmão, a quem vê, é incapaz de amar a Deus, a quem não vê. 21 Temos de Deus este mandamento: o que amar a Deus, ame também a seu irmão. (1Jo 4,7-21) O amor a Deus e o amor aos irmãos. É tão reveladora essa palavra! Como podemos amar a Deus, a quem não vemos, se não somos capazes de amar ao nosso irmão, a quem vemos, com quemconvivemos? Não faltam razões para perceber os erros e as imperfeições dos outros. Mas diante desses erros e imperfeições é que o amor Ágape se manifesta como prova de amor livre, semexigências nem cobranças.

Amor compreensivo. É isso que nos ensina madre Teresa. Cada dia é um dia de servir e de cuidar do irmão. É essa a inspiração cristã de fazer com que a caridade seja a concretização do amor. Em sua mais recente encíclica, o Santo Padre, o papa Bento XVI, discorre sobre “o desenvolvimento humano integral na caridade e na verdade”. Caritas in veritate. O papa fala em cuidar da pessoa toda e de todas as pessoas. Já na introdução ele explica o sentido da caridade para a Igreja e para o mundo. A ação pessoal e a ação interpessoal. Todos os homens sentem o impulso interior para amar de maneira autêntica: amor e verdade nunca desaparecem de todo neles, porque são a vocação colocada por Deus no coração e na mente de cada homem. Jesus Cristo purifica e liberta das nossas carências humanas a busca do amor e da verdade e desvenda-nos, em plenitude, a iniciativa de amor e o projeto de vida verdadeira que Deus preparou para nós. Em Cristo, a caridade na verdade torna-se o Rosto da sua Pessoa, uma vocação a nós dirigida para amarmos os nossos irmãos na verdade do seu projeto. De fato, Ele mesmo é a verdade (cf. Jo 14,6). A caridade é a via mestra da doutrina social da Igreja. As diversas responsabilidades e compromissos por ela delineados derivam da caridade, que é — como ensinou Jesus — a síntese de toda a Lei (cf. Mt 22,36-40). A caridade dá verdadeira substância à relação pessoal com Deus e com o próximo; é o princípio não só das microrrelações estabelecidas entre amigos, na família, no pequeno grupo, mas também nas macrorrelações, como relacionamentos sociais, econômicos, políticos. Para a Igreja — instruída pelo Evangelho —, a caridade é tudo porque, como ensina são João (cf. 1Jo 4,8-16) e como recordei na minha primeira carta encíclica, “Deus é caridade” (Deus caritas est): da caridade de Deus tudo provém, por ela tudo toma forma, para ela tudo tende. A caridade é o dom maior que Deus concedeu aos homens; é sua promessa e nossa esperança. O amor Ágape revela-se na caridade. Os numerosos doentes atendidos por madre Teresa não tinham condição alguma de retribuir as suas ações. A maior parte das crianças cuidadas pela dra. Zilda Arns e seu apostolado na Pastoral do Menor nunca soube quem foi essa mulher notável.

Mas ela não fez sua ação querendo retribuição. São Francisco, o noivo da dona pobreza, o santo da simplicidade, deixou um legado de caridade. Ensinou que é dando que se recebe, pediu ao Senhor que pudesse levar o amor onde o ódio estivesse reinando. Qual é a recompensa de quem faz a caridade? É muito maior do que podemos imaginar. Vamos tentar refletir sobre isso nesses escritos. O Evangelho de são João teve um processo de formação diferente dos chamados evangelhos sinópticos de são Mateus, são Marcos e são Lucas. João era chamado de o discípulo amado. Como os outros evangelhos, o de João seguiu a tradição primeira da oralidade. Sua compilação final se deu por volta do ano 100 por algum discípulo seu. A personalidade, entretanto, é toda de são João. Sua forma de ver os milagres, de falar de amor, de acompanhar os grandes feitos do mestre. A estrutura literária é belíssima. Cada momento da vida de Jesus é descrito com uma delicadeza textual impressionante. Os sinais, os símbolos preenchem os escritos. Jesus é o bom pastor. Jesus é a luz do mundo. Jesus é a revelação do amor. Que este livro nos ajude a compreender o amor de Deus e nos incentive a amar. Voltando à Epístola de são João: 20 Se alguém disser: Amo a Deus, mas odeia seu irmão, é mentiroso. Porque aquele que não ama seu irmão, a quem vê, é incapaz de amar a Deus, a quem não vê. 21 Temos de Deus este mandamento: o que amar a Deus, ame também a seu irmão. Que este livro nos faça conhecer mais um pouco de alguns momentos da vida de Jesus e nos incentive a ler cada vez mais a Palavra de Deus. A Bíblia é uma carta de amor que o Senhor nos enviou. E quando amamos e somos amados, é sempre bom ler, reler a carta que nos foi enviada. A Bíblia é Ágape.

É o amor escrito para que seja vivido. Com a minha bênção, Padre Marcelo Rossi [ 1 ] O Verbo divino Evangelhos de São João CAPÍTULO 1 1 No princípio era o Verbo, e o Verbo estava junto de Deus e o Verbo era Deus. 2 Ele estava no princípio junto de Deus. 3 Tudo foi feito por ele, e sem ele nada foi feito. 4 Nele havia a vida, e a vida era a luz dos homens. 5 A luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam. 6 Houve um homem, enviado por Deus, que se chamava João. 7 Este veio como testemunha, para dar testemunho da luz, a fim de que todos cressem por meio dele. 8 Não era ele a luz, mas veio para dar testemunho da luz. 9 [O Verbo] era a verdadeira luz que, vindo ao mundo, ilumina todo homem. 10 Estava no mundo e o mundo foi feito por ele, e o mundo não o reconheceu. 11 Veio para o que era seu, mas os seus não o receberam. 12 Mas a todos aqueles que o receberam, aos que creem no seu nome, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus, 13 os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas sim de Deus. 14 E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, e vimos sua glória, a glória que o Filho único recebe do seu Pai, cheio de graça e de verdade. 15 João dá testemunho dele, e exclama: Eis aquele de quem eu disse: O que vem depois de mim é maior do que eu, porque existia antes de mim. 16 Todos nós recebemos da sua plenitude graça sobre graça. 17 Pois a lei foi dada por Moisés, a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo. 18 Ninguém jamais viu Deus. O Filho único, que está no seio do Pai, foi quem o revelou. › Esse trecho que abre o Evangelhos de São João fala de forma bastante poética da criação e do mistério da salvação dos homens. A palavra nos diz que tudo o que há no mundo foi criado por Deus. Não diz como se deu a criação. Não diz se evoluímos de alguns animais ou se houve uma explosão ou se, nas diversas eras, o andar foi se aprimorando. A essência do texto é a de que tudo o que há no mundo foi criado por Deus. Fala também da salvação.

O Filho de Deus, o Verbo se fez carne e habitou entre nós. E isso aconteceu para que pudéssemos compreender o amor e o amar. O substantivo e o verbo. O conceito e a ação! Fala-nos de João Batista, o anunciador. Nasceu de um milagre. Filho do sacerdote Zacarias e da prima de Maria de Nazaré, Isabel. Foi o anjo Gabriel quem anunciou o feito. O casal tinha uma idade avançada e Isabel era considerada estéril. Não tinham filhos. João era a voz que ecoava no deserto. Vivia como um asceta. Sem bens. Sem preocupações materiais. Batizava no Jordão. Foi ele quem batizou o próprio Cristo. Conta-nos o texto sobre Moisés. A Bíblia diz que Moisés foi o profeta, o libertador com quem Deus falava face a face. Moisés significa “tirado das águas”. Sua sobrevivência foi um milagre. Foi salvo da morte a que tinham sido condenadas todas as crianças de origem hebreia do sexo masculino pelo faraó, que tinha medo do crescimento desse povo intruso no Egito. Moisés ficou em uma cesta e foi encontrado pela filha do faraó. Moisés foi escolhido para libertar o povo e caminhar com ele pelo deserto. Após várias negativas do faraó e das pragas que acometem o seu povo, o faraó deixa o povo ir. Depois se arrepende, mas o povo já estava diante do mar Vermelho. Moisés consegue cruzar o mar Vermelho e conduzir o povo de Deus.

Recebe as Tábuas da Lei, adverte o povo da idolatria e caminha incansável até a Terra Prometida. Moisés morre antes de entrar na nova terra. O escolhido para continuar sua missão foi Josué. O texto do Evangelhos de São João fala ainda da luz que veio ao mundo para iluminar. E aqui vai a nossa reflexão, queridos irmãos. O tema da luz está presente em toda a palavra de Deus. A criação do mundo e do homem é uma vitória da Luz sobre as trevas. São Paulo revela que o cristão é Filho da Luz. E o que significa ser Filho da Luz? O sentido de trevas ou escuridão é dado àquilo que não se vê ou àquilo que não se pode ver porque envergonha. A violência, a corrupção, a mentira, o pecado nos remetem para as trevas. Um marido que espanca sua mulher ou que trai sua relação esconde a ação vergonhosa. O pai que mente para o filho ou o filho que mente para o pai não quer ser descoberto. O falso médico, o advogado mentiroso, o político desonesto, o motorista embriagado, todos de alguma maneira vivem na escuridão. A luz revela. Se há alguma sujeira na casa e as luzes estão apagadas, as pessoas não conseguem perceber a ausência do cuidado, da limpeza. Quando a luz se acende, o que era sujo começa a incomodar. Cristo é o Filho da Luz. E os cristãos são convidados a ser os novos cristos. Portanto, todos nós somos chamados a sermos Filhos da Luz. Quem vive no escuro tem medo da luz. Quem passa alguns dias dentro de um quarto escuro com as janelas fechadas, quando entra a primeira fresta de luz, tem a sensação de cegueira de tanto que a luz incomoda. É preciso se acostumar com a luz para que os olhos enxerguem, de fato, a paisagem que antes estava escondida. A escuridão nos remete aos erros. Não os erros que cometemos. Errar faz parte.

A escuridão faz parte dos erros em cuja permanência insistimos. Há tantos erros que são facilmente percebidos, mas a nossa teimosia e comodismo nos impedem a busca de uma nova vida. E incorremos nos mesmos erros. Evidentemente, há doenças que maculam uma vida. Sei o quanto irmãos nossos, doentes do alcoolismo, tentam se livrar e não conseguem. Não julguemos. Há muitos que acusam esses irmãos de vadios, irresponsáveis, fracos. O alcoolismo é uma doença. O usuário das drogas ilícitas tambémvive um inferno. O inferno do vício, o inferno da escravidão. Por isso prevenir é tão importante. Quando o problema surge, é preciso paciência, perseverança e muito amor. Não se retira um filho das drogas com espancamentos nem com expulsões. Quando o vício já faz parte da vida de umjovem, é preciso mais cuidado ainda, mais amor ainda para que uma nova vida possa surgir. Uma vida iluminada. A luz é a novidade. A paisagem só pode ser contemplada verdadeiramente sob a luz. Sem sujeiras. Gosto daquela história das duas famílias que moravam uma em frente à outra. Todos os dias, o marido de uma das casas, ao voltar do trabalho, encontrava a esposa reparando nas roupas sujas penduradas na área da casa vizinha. Ficava indignada. Não entendia por que não as lavava adequadamente primeiro, para só depois colocá-las no varal. E dizia isso com impaciência e com a certeza de que a vizinha era descuidada e suja. Depois de algum tempo, cansado das reclamações da mulher, o marido deu uma sugestão simples e óbvia. Disse a ela que limpasse o vidro da janela da sala deles, que estava imundo, e, então, veria que não eram as roupas da vizinha que estavam sujas.

História simples com um ensinamento de grande significado. O descuido com a limpeza não era da vizinha. É fácil jogar a culpa no outro. O problema é sempre do outro. Ser Filho da Luz é iluminar a vida para que os meus problemas sejam resolvidos. Para isso é preciso assumir que eles existem. Na história, a mulher não imaginava que era a sua vidraça que estava suja. Essa é uma questão importante. A dificuldade em ver o meu problema faz com que eu não consiga solucioná-lo. O primeiro passo para levantar é ter a percepção da queda. Jesus veio ao mundo, veio para os seus e os seus não O reconheceram. Faltou luz. Ágape é luz. É luz que dissipa as trevas, que dissipa a escuridão. É luz que ilumina e aquece. › ORAÇÃO Senhor, Eu quero ser Filho da Luz. Eu quero levar ao mundo a Tua luz. Senhor, Eu sei que muitas vezes eu vivi na escuridão. O pecado foi me consumindo e eu me acostumei com as trevas. Eu fui infiel. Eu abandonei o amor em busca de prazeres que não me trouxeram a felicidade. Eu errei, Senhor. Mas hoje estou aqui Te pedindo perdão. Hoje estou aqui abrindo as janelas e recebendo a Tua luz. Que a Tua luz me invada, me retire o medo de viver e me faça um anunciador.

Eu quero anunciar o Teu amor, mesmo que seja no deserto. É essa a minha missão e é por isso que estou aqui nesta oração. Faz de mim o que quiseres. Eu Te amo, Senhor. Sou Teu Filho. Sou Filho da Luz! Amém.

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